terça-feira, 27 de janeiro de 2009

2º MEGA RAID SOBRAL MONTE AGRAÇO 25\01\2009

Sobral Monte Agraço - Valdevez
25\01\2009


Breve história:
No início do Século XIX, no contexto das Invasões Francesas, é erguido em Portugal um sistema defensivo que constitui hoje um valioso património Histórico-militar – as Linhas de Torres – cuja importância é reconhecida não apenas a nível local e nacional, mas também internacional.
Após as invasões francesas de 1807 e 1809, no Outono de 1809, após a derrota dos Franceses, e porque se previa nova invasão, Lord Wellington organizou a defesa de Lisboa. Cercou a capital por três linhas fortificadas, reforçando assim os obstáculos naturais do terreno. Assim nascem as conhecidas Linhas de Torres.As obras tiveram o seu início em 1809 e terminaram em 1812, já quando as tropas do Marechal Massena se haviam retirado. Foram dirigidas primeiro pelo tenente-coronel Fletcher, depois pelo capitão Jonh Jones.
A primeira linha ia desde a margem do Tejo, em Alhandra até à foz do rio Sizandro, no Concelho de Torres Vedras, passando por Arruda dos Vinhos e Sobral de Monte Agraço, tendo cerca de 50 Km.Tinha como fortes principais Alhandra, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras. Para além destes, tinha um conjunto significativo de outros fortes de menores dimensões localizados em pontos estratégicos de modo a que todos os pontos altos ficassem guarnecidos
Para a construção desta grande obra, contribuiu de forma decisiva o empenho das populações, que tiveram de abandonar as suas terras para trabalhar nela, sacrificando também casas e haveres, na medida em que foi posta em prática uma política de terra queimada e desertificação a norte das linhas, o que provocou a deslocação para dentro desta de muitos habitantes numa área considerável. O esforço, e também o sigilo mantido pelo Povo que nelas trabalhou, foi fundamental para o seu sucesso.

E eu fui ao encontro desta gente brava!


Cartaz da prova:



(altimetria não disponibilizada)


Organização: http://www.desafiosclub.blogspot.com/
Inscrição: 18 euros
Km anunciados: 20\40\60 km
Localização: Sobral de Mt Agraço - Valdevez (86 km)


A expectativa era grande. Não por nenhum motivo em particular que se prendesse com o evento em si, mas tão simplesmente por meses depois voltar a participar exactamente em eventos desta natureza. E claro, aliado ao facto de ser o primeiro deste ano.


Uma semana antes decidira arrancar para as competições. Consultei o calendário e este Mega Raid foi o que mais despertou a minha atenção. Uma pequena espreitadela ao windguru e a inscrição estava feita.
A propósito do windguru:
No dia (domingo passado) acordei às 06:00 h da manhã. Durante a noite tinha desabado um temporal sobre a região que até meteu medo. Mas a esta hora nada. Nem uma gota de chuva e nem um sopro de vento.

Pensei em ligar o computador e verificar se as condições climatéricas que tinha consultado anteriormente no windguru se mantinham, mas pensei "ná...eles nunca falham". Efectivamente tinham previsto forte precipitação e vento mas que às 06:00h parava, voltando depois um pouco mais tarde e terminando às 09:00h para dar lugar a uma manhã tranquila.


Pois os senhores windgurus enganaram-se e enganaram-me.
A meio da viagem, e pouco depois de ter atravessado o Tejo ainda pensei se não seria melhor voltar atrás, mas como tinha um impermiável por estrear resolvi continuar.
Malvados senhores windgurus porque o cessar fogo da tempestade anunciada para as 09:00h só terminou às 09:30h. E logo para dar lugar a um céu limpo e com Sol (embora aqui e ali e ao longo da manhã voltou a carregar-se de tons negros e ainda cairam umas gotas acompanhadas por um vento fortíssimo).
Ironia e brincadeiras à parte é de facto impressionante a capacidade de acertar na metereologia que estes senhores têm que até arriscam a hora e falham por muito pouco. Os meus sinceros agradecimentos.


A prova em si ficou marcada pelo exagero de lama e pelo vento forte que se fez sentir e que em algumas ocasiões quase que derrubou os participantes. Mas não seria de esperar outra coisa em terras de vento, em terras onde nascem turbinas eólicas um pouco por toda a parte.





Estes seres conferem uma paisagem "interessante" e o Raid foi-se desenrolando sempre agradávelmente em seu torno.
Se Don Quixote delirava com moinhos de vento, imagine-se o que sucederia com estes "gigantes"


Pelo já referido (lama e vento forte) acabei em grande sofrimento até porque tentei sempre vencer a luta com o piso, desmontando só mesmo em último caso, o que aconteceu por diversas vezes, atolando-me na lama até acima dos tornezelos.


À chegada, e enquanto ainda refazia o fôlego, avistei um companheiro de outras paragens: o enorme Marco Chagas- Pelos vistos a vontade de pedalar não acabou com a reforma e ainda dá uma abada nos "putos" de agora. Deve ter terminado uma boa meia-hora antes de mim como já tinha sucedido nos Trilhos da Raia no ano anterior...


Certo, certo são os três kilos e meio de lama que trouxe comigo...



A Melinda em estado lastimável (a mais recente aquisição ficou em casa)



Eu próprio em estado lastimável (eu próprio não fiquei em casa)






É uma escultura em barro????


O mais curioso estava para vir: todo o desgaste da prova foi recompensado com um pitoresco banho quente. Digo pitoresco porque a área reservada para o acto não eram os habituais balneários de uma escola qualquer, ou de um clube de futebol ou algo do género, mas sim a casa-de-banho da própria casa de um dos elementos da Organização. Até lá estava um patinho amarelo de borracha (!!!). Inédito.


E quem quisesse lavar a bicicleta poderia fazê-lo junto à piscina da mesma casa (!!!). Extraordinário.
Em questões de hospitalidade está tudo dito pois.


Muito bom foi também o almoço. Um manjar maravilhoso e que oferecia opções não fosse alguém não gostar de um dos pratos:
- queijo
- sopa de peixe
- canja de galinha
- porco no espeto
- carne estufada com ervilhas
- arroz e batatas fritas
- vinho branco, tinto, águas, sumos, coca-cola
- arroz doce, gelatina, tarte de natas fresca, fruta, muffins.


Conclusão final: um enorme desgaste para fazer 40 km; percurso menos encantador do que o
esperado com poucos single tracks e trilhos que a organização retirou para evitar mais lama ainda.


o melhor: a hospitalidade e simpatia de todos os voluntários e colaboradores do evento; o maravilhoso almoço; a paisagem.

o pior: o atraso na partida (mais de meia-hora), as marcações do percurso que se confundiam com outras de provas anteriores, a não disponibilização da altimetria apesar das promessas feitas; a não confirmaçao da inscrição no evento, os enormes pantanais e lamaçais.


Frase que marca o evento: "uma vela de windsurf para aproveitar o vento e uma prancha de snowboard por debaixo da bicicleta para surfar a lama e era sempre a abrir..."


nanex.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Salamandra, para sempre no pensamento

Serra da Arrábida
18\01\2009


Mais um domingo, mais uma volta local.


Muita lama, alguma chuva e muitas peripécias pelo meio. Os bttistas já são quase como os pescadores, caçadores e outros mentirosos e em cada volta há sempre inúmeras histórias para contar.
Desta feita, nos intervalos das pedaladas mais sérias ouve um pouco de tudo: de camelbags que vazaram misteriosamente a encontros inesperados e sempre, mas sempre a falar de colãns, essa estranha moda adoptada por alguns...


Deixo um video que não é mais do que uma pequena brincadeira, para ver e ouvir bem alto!



sábado, 17 de janeiro de 2009

Segurança acima de tudo

E já está.
Já não aguentava mais e por isso inscrevi-me para a minha 1ª competição do presente ano.

2º MEGA RAID ÀS DESCOBERTAS DAS MARAVILHAS do SOBRAL de MONTE AGRAÇO

Tudo o que diga raid soa-me sempre bem, acrescentando porco no espeto à chegada e anunciados trilhos de beleza rara numa dificuldade média (!!! não será demais para já??)Dia 25 janeiro (próximo domingo) por 18 euros.

Um bom lema para este ano é o de promover a saúde e a segurança:
Deixo uma pequena recordação sobre isso mesmo

bons conselhos, boas prácticas nem que seja à marretada.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Baptismo.

Peço desde já desculpa se a letra da minha caligrafia vos aparecer um pouco tremida...
É que de certa forma ainda não consegui baixar os indíces de adrenalina que atingi na manhã de ontem e em consequência um formigueiro percorre-me o corpo de cima a baixo voltando novamente para cima, passando por todos os membros.

Ora passo a explicar:

- conforme referi na mensagem anterior, a época arrancou. Os cânticos já lá vão. As leituras também estão feitas (mais haverão mas por hora chega) e só falta mesmo elaborar um plano de treino. Os objectivos também estão traçados: aumentar a forma e a resistência física e mantê-la num nivel aceitável até ao Verão, e reforçar o corpo para evitar lesões indesejadas, para assim poder praticar o BTT caseiro e as maratonas fora de portas (muitas, espero).

Mas embora ainda não exista esse plano de treino, tal não impede que não se vá mexendo o corpinho e a semana passada foi o arranque, tímido é verdade, mas que culminou com uma boa volta na manhã de ontem, com 40 km realizados em pouco mais de 3 horas (tenho mesmo que comprar um altímetro para ir tendo a noção da dureza da volta. Abro aqui uma votação: devo adquiri-lo ou não vale a pena?).



Apesar do frio que se fazia sentir pelas 08:30h da manhã, e fui o único de seis a usar calções (a contar com o rui e um amigo que à mesma hora foram correr), eu que até sou bastante friorento, havia algo que me motivava para além do habitual.
Não era mais do que o baptismo da minha mais recente aquisição.

Guardada na garagem desde vésperas de passagem de ano, diz quem passava perto ouvir o seu bafo forte e rouco, sentir o chão e as paredes vibrar, a luz a acender e a apagar intermitentemente como uma vela que dança ao vento, mal iluminando e sem deixar ver ao seu redor, um uivar agudo a perpétuar pelo ar e a ecoar por toda a parte quebrando o silêncio e alojando-se nos recantos mais escuros e sombrios...

Estava possuida, não havia dúvidas. Estava com ânsias de se soltar como touro enraivecido que investe sobre o toureiro raspando no chão e agitando uma nuvem de poeira em seu redor, como águia real impetuosa que pica o vôo sobre um coelho esguio que foge rápida e desenfriadamente e aos zigue-zagues campo fora penetrando por de entre arbustos e silvas sem se preocupar com os picos e saliências pontiagudas que lhe arrancam a pele, como a pantera decidida que disfere um ataque sobre o elefante crivando-lhe as unhas e dentes no dorso sem que este abrandasse a sua passada lenta, pesada e imperial.

A minha nova aquisição é isto tudo: seja em plano a rolar (o touro que investe...), seja em single tracks e trilhos duros, rápidos e técnicos (a águia real a perseguir o coelho...), seja a subir as inclinações mais ou menos íngremes (a pantera agarrada ao elefante que a arrasta lentamente...).


Está baptizada e mais do que aprovada. E então ei-la:
Resta-me desejar horas e horas e km´s e km´s de prazer acompanhando toda esta "vida selvagem" em autênticos momentos de prazer no seu habitat natural: as voltas do BTT.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Vamos cantar as Janeiras

Já recebemos o Pai Natal e o Ano Novo. Já foi dia de Reis e tudo mais. Hoje canto as Janeiras para encerrar as festividades e dar lugar às práticas desportivas que tanto me agradam.
Nas maravilhosas quadras de Arménia Rua, revejo tudo aquilo que vivo:
"quintais adentro vamos às raparigas solteiras" que também eu sou solteiro;
"só se lembra de caminhos velhos quem tem saudade da terra" são as saudades que já tenho de me fazer ao BTT, aos caminhos de sempre da Serra;
"rabanadas, pão e vinho novo" porque nem só de desporto se faz a vida e comer e beber também muito me apraz...e por aí em diante.


Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura

por Arménia Rua


Declaro aberto o novo ano desportivo o qual desejo cheio de força e boas práticas.
A preparação física iniciou-se com a leitura do livro "Técnicas de treino para ciclistas" de Ben Hewitt, emprestado pelo amigo rui. Segue-se praticar os ensinamentos.
Vamos em frente sofrer no prazer de fazer!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

no princípio existia a roda.

E na roda tudo começou. Ou pelo menos a evolução da civilização como a conhecemos hoje muito lhe deve.
E à roda voltei anos depois de abandonar uma prática de miúdo, uma prática tão típica de miúdos e graúdos. Uma prática que me acompanhou ao longo dos anos enquanto puto que brincava na rua e enquanto neto que visitava e passava as "férias grandes" (antigas férias de Verão que duravam quase 3 meses) e não a dispensava dia após dia.
Falo de andar de bicicleta. Falo de pedalar sem parar e do prazer de rolar por todo o lado para todo o lado com ou sem rumo, com ou sem objectivo.
Há anos atrás praticava-se o ciclismo e o bmx (com este quase a extinguir-se) diferenciando-se nestas modalidades duas faixas etárias. O bmx claramente preferido pelos mais novos e adolescentes, ao passo que o ciclismo abrangia outras idades.
Hoje em dia estão na moda quase todas as modalidades que se possam imaginar e praticar em duas rodas não motorizadas, e até mesmo sem rodas como é o caso das aulas conjuntas de "spinnig" que se podem encontrar num qualquer ginásio.

Foi seguindo o prazer de andar de bicicleta que à pouco mais de 2 anos resolvi iniciar uma incursão pelo BTT e não mais o largar.
Previligiado pelas redondezas da cidade em que vivo (Setúbal) e adquirindo o gosto por conhecer melhor o meu país, resolvi criar este blog por forma a registar e partilhar experiências, prazeres e conhecimentos sobre esta tão mui apreciada e praticada modalidade, conforme já vinha fazendo em outro blog.


O nome do blog (e não se trata de nenhum erro ortográfico: Gato-Bravo já estava em utilização por outro blogger) é uma homenagem à fauna da Serra da Arrábida mais propriamente ao gato-bravo que nela co-habita, espécie que pode ser encontrada também em outras partes do país.
Assim também serei: um local residente que poderá ser encontrado na Serra da Arrábida mas que rolará por outros caminhos e lugares de outras paragens.

Desde já saúdo e desejo boas-vindas a todos os visitantes.