domingo, 29 de março de 2009

Agricultor, pescador e outros mentirosos

O título retrata um dos famosos azulejos azuis e brancos que se podem encontrar ainda nos dias de hoje (a Asae ainda não se lembrou de implicar com isto) nas tascas e cafés mais populuchos do nosso Portugal e que reza assim:
- "Aqui se reunem caçadores, pescadores e outros mentirosos".



E esta foi a mais bela maneira que arranjei para encabeçar o que sucedeu no fim-de-semana de 14\15 de Março, o fim-de-semana em que a bicicleta não saiu à rua (também dava um bom título esta frase...)



Agendado de antemão, o meu pai, alentejano de gema do Alentejo (assim como a minha mãe), solicitou a minha ajuda e a do meu irmão para que nesse fim-de-semana fossemos podar os olivais lá da terra (parte deles, claro).
E assim foi. As oliveiras que ele tanto estima e cuida necessitam de rigoroso e permanente cuidado e atenção pois só dessa forma oferecem o seu bem mais precioso, a azeitona. E ao que parece estas são mesmo boas (como não sou apreciador não me posso pronunciar. Bem, mas se forem tão boas como o azeite que delas se extrai e que é maravilhoso, então upa, upa). Moral da história, valem bem todo o trabalho.

Acordámos cedo e depois de um pequeno-almoço rápido lancámo-nos à obra devidamente munidos de todas as ferramentas (cujos nomes já não me recordo, mas que são quase todas da família das tesouras e serrotes de jardinagem)
As "meninas" oliveiras aguardavam pela nossa intervenção, por um belo "corte de cabelo".




Assim foi como as encontrámos...




Não era obra fácil. Havia que romper por entre as suas braçadas. Depois era subir ao tronco, acomodar no seu interior e daí partir para o corte, para a limpeza. E assim sucessivamente de oliveira em oliveira.
O resultado final enche qualquer menina de radiosidade:





Pareces outra, mais nova, mais linda. Fizeste uma permanente?



A moto-serra deu uma especial ajuda nas ramadas maiores. Depois foi juntar todas as ramadas cortadas e incendiá-las.
A tarefa repetiu-se à tarde num segundo olival e num só sábado despachámos o assunto, esta dádiva da mãe-terra que o Homem aprendeu a tratar . Foi gratificante. Muito gratificante mesmo.
Foram recorrentes as vezes que os meu pensamentos me levaram aos tempos remotos em que o meu avô provavelmente sozinho daria conta do recado, sempre a trabalhar no campo desde o nascer até ao pôr do Sol. Neste dia senti-me como o meu avô que já não está entre nós mas que certamente terá ficado agradado ao vêr o seu filho e os seus netos fazerem aquilo que ele fazia e cuidar daquilo que ele cuidava.





Era inevitável fazer um "antes e depois" bem ao jeito dos anuncios de produtos anti-queda de cabelo. Esta oliveira tem ainda o previlégio de dar "pneus" de tempos em tempos...





Trabalho feito, arrancámos, eu e o meu irmão, rumo a casa. Ainda iamos a tempo de uma pescaria no barco de um amigo.
Levantar às 06h da manhã depois de um sábado dedicado à agricultura, não foi fácil. Mas um dia bem passado no mar foi devidamente compensatório.
A pescaria em si não foi grande coisa: alguns sargos e pouco mais. As duas primeiras horas em que me vi a braços com um enjoo também não foram agradáveis, mas no geral, foi uma manhã muito bem passada.

E assim se passou um fim-de-semana sem desporto, sem futsal ou btt, mas com muita actividade física e muito enriquecimento pessoal. Adoro o Alentejo, adoro o meu rio Sado.

E aqui me apresentei agricultor, pescador mas sem nada de mentiroso!

sábado, 21 de março de 2009

Voltinha Sexy

Quarta-feira
11\03\2009

Mais um dia de trabalho no bucho.

No regresso a casa a ser brindado por um magnífico final de dia já a cheirar a Primavera, decidi assim sem mais nem menos, ir pedalar um pouco, sem grande stresses. Apenas uma pequena volta para aproveitar o resto da tarde.

Prontíssimo para arrancar, já equipado a rigôr e de mp3 na mão, toca o telemóvel.... Era a amiga Maria cheia de "ganas" para ir correr.
- tens 10 minutos para te pores aqui, na garagem dos meus velhos - foi o que lhe disse depois de lhe oferecer emprestada um bicicleta para que me acompanhasse, enquanto guardava o mp3 que já não ia ser necessário.

Não foi mais do que uma pequena volta de 15 ou 20 km a rolar sem grandes dificuldades. E se a princípio tive receio que a amiga Maria não aguentasse uma ou outra subida, longe estaria de imaginar que seriam as descidas a causar-lhe as maiores dificuldades. E quando digo maiores quero dizer mesmo grandes. Uma descida simples (estradão largo com piso regular) mas que apresentasse um grau de inclinação fosse ele de que grau fosse, a amiga Maria recusava-se a descer ou simplesmente desmontava da bicicleta.
Insisti para que descesse muito lentamente, mas não tive qualquer sucesso neste meu intento.


"Vá amiga Maria, é uma descidinha de nada..."

Já nas subidas, refilava que se fartava (aliás queixou-se sempre de algo: ou era porque subia, ou era porque descia, ou era porque tinha de usar capacete que lhe fazia muito calor, ou era porque lhe doiam os braços), mas subia-as sem dificuldade. Descer é que nem pensar e em qualquer momento em que a velocidade tendia para aumentar, fazia guinchar os travões (cheira-me que terei de trocar as pastilhas dos discos, depois disto).



Devia ter optado pelas Super-Gorila sabor morango ácido.

De resto foi uma agradável mini-volta de final de tarde, em boa companhia, em amena cavaqueira, num ritmo pausado e tranquilo, quase sem suar (e volta onde não se sua é volta sexy), sempre a ouvir mil e um pedidos de desculpa da amiga Maria (desculpa por não descer, desculpa por ir devagar, desculpa por te ter estragado a volta, desculpa por existir, desculpa, desculpa, desculpa...)

Amiga Maria,
Não havia necessidade!

nanex.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Setúbal - Sesimbra

Setúbal - Sesimbra
01\03\2009




distância percorrida: 40 km

altimetria (acumulado): 1.000m

Primeiro domingo do mês de Março de 2009. Data para mais uma rodagem de BTT. Mas desta feita, esta seria uma volta que à partida adoçava ainda mais a vontade de pedalar pelos vários pontos de interesse que acarretava, senão vejamos:



- o percurso Setúbal - Sesimbra que em outrora fizera e que há muito tempo a esta parte esperava fazer de novo com passagem por algumas paisagens impressionantes;

- a estreia de novo equipamento recentemente adquirido, mais propriamente um altímetro (VDO 1.0 Altimeter), sobre o qual estava algo apreensivo, e de um novo CamelBak;

- a estreia de um novo quadro (Nomad -Santa Cruz) nas mãos do alex;

- a iniciação de um novo bttista da geração dos mais novos, dos "putos";

- almoço em Sesimbra que é sempre um prazer para o paladar.





Estavam portanto reunidos factores imperiais para uma grande manhã.



Arrancámos por de entre uma cerrada neblina cinzenta em grande grupo: mano, alex, dani (trio habitual destas andanças do BTT e que preferiu não seguir para Sesimbra), bully, eu, tiago (a insistir e investir neste desporto e que já se aguenta à brava. Quem o viu a vomitar nas primeiras pedaladas e quem o vê agora a desbravar subidas) e o estreante tó (a quem uma noitada de véspera só anunciava um grande sofrimento pois está claro!)



Assim e até ao famoso "cai de costas", uma subida que como o nome indica não é pêra doce, o grupo seguiu unido em amena cavaqueira em ritmo moderado. Há muito tempo que não se reunia um grupo tão grande.
Aqui deu-se a separação. O trio habitual ficou-se pelos trilhos radicais do costume e os restantes seguimos rumo a Sesimbra.

Refira-se que nenhum de nós sabia bem o percurso. Valeu-nos o "GPS rui" que não era mais do que um simples desenho feito pelo próprio a indicar o caminho a seguir e que cuidadosamente deixei esquecido em casa. O rui himself não nos acompanhou de BTT porque continua o seu programa de treinos para Ronda e neste dia tinha que correr durante 5 horas, mas marcou igualmente como destino Sesimbra. Logo haveria encontro pelo caminho.

Tal veio a acontecer já nos moinhos do Alto das Necessidades, depois de atravessada a EN10. Aí fomos todos confrontados com uma enorme surpresa: o estradão habitual que liga estes moinhos foi vedado. Mas não foi esse obstáculo que nos demoveu e decididamente ultrapassámo-lo saltando a rede.

Por esta altura, seguimos a par do atletismo de rui por alguns momentos enquanto o tó retemperava algumas energias pois começava a sentir as primeiras maselas (o selim, sempre o selim a dar cabo dos iniciados). E a volta ainda não ia a meio.

Eis um video com um pouco do que se passou até então:



Daqui em diante foi a constante ansiedade de não sabermos bem por onde andávamos e alguns km depois estavamos nos escuteiros e no parque de campismo da região. Perguntámos a um transeunte que estava mesmo à porta do parque qual seria o melhor rumo a seguir para Sesimbra e embora não muito convictos, decidimos aceitar as suas indicações.

Mais coisa menos coisa, chegámos a Pedreiras, uma terra que como o nome indica tem várias pedreiras, esse cancro que ataca e come esta nossa linda serra. Era altura de fazer um pequeno desvio. Subir uma delas e rumar até à falésia para receber uma abençoada paisagem. O caminho era duro principalmente na parte em que já não era possível pedalar porque a vegetação de baixo porte cobria o trilho que nos guiava até à falésia, isto já depois de termos contornado o enorme buraco que a pedreira espõe escandalosamente a céu aberto (será que alguém um dia vai parar isto???)

Pouco depois lá estávamos e o esforço e as arranhadelas nas pernas e braços foi devidamente recompensado. Enchemos o peito daquele imenso ar trazido pela vastidão do mar longinquo soboreando cada milimetro daquilo que os nossos olhos podiam alcançar: a escarpa a pique até ao mar rodeada de verde pelo lado da serra, do branco da pedra, de azul pelo céu, de mais azul do mar em várias tonalidades desde a costa até perder de vista, até ao horizonte. E lá no alto um Sol enorme, redondo e quente (a nebelina da manhã dissipara-se entretanto).

Mais alguns minutos e retomámos a direcção de Sesimbra...

Depois foi sempre a rolar com facilidade, apanhar as rotundas de Santana, seguir pelo alcatrão descendo forte e inclinadamente até à marginal e procurar numa das várias repletas esplanadas o nosso apoio, o nosso "carro vassoura".

Ficam aqui desde já os agradecimentos à Lizete e à Maria (o tal carro vassoura) por nos terem ido buscar e por terem permitido que lhes pagássemos o almoço.

A ementa: pão, manteiga, patês, camarão ao alhinho, massa de peixe, douradas escaladas, água, sumos, Muralhas (fesquiiinho), sobremesas diversas, café e moscatéis (oferta da casa).

Os agradecimentos também à Exa. Sra. Dra. Ana Mãe Du´rui pela cedência das instalações sanitárias e respectivos acessos às mesmas por forma a que pudessemos tomar um maravilhoso banho quente.

Conclusão final: um passeio tranquilo em boa companhia cumprindo parte de um sonho antigo que era fazer Setúbal-Sesimbra (a ideia era Setúbal-Cabo Espichel-Sesimbra mas fica para outra ocasião)

O melhor: a boa-disposição imperante em todo o curso; a falésia fabulosa; material novo utilizado (Camelbak e altímetro) aprovados (soube mais tarde que o quadro Nomad do alex também se portou à altura segundo o próprio e acrescento que mais não era de esperar) e só não digo o almoço porque a massa de peixe podia estar um nadinha mais saborosa.

O pior: ver as pedreiras que é sempre uma facada no coração para quem como eu ama e adora esta Serra; a ausência do bruno impedido por lesão (rápidas melhoras)

Frase que a marca: "anda lá tó que agora já não custa"