sábado, 30 de maio de 2009

Ordem para partir, outra vez!

Sábado, 30\05\2009



São 10 horas da manhã.
Já tomei o pequeno-almoço, já tenho a mala feita, já sincronizei o mp3. Fica sempre aquele sentimento de que se esquece de qualquer coisa mas desta vez de forma menos acentuada porque será uma saida breve.



Leva-se sempre tanta coisa....


Parto a seguir ao almoço (talvez depois de ver o "giro" que durante a semana nunca consigo ver por causa do trabalho) em direcção a Carregal do Sal para mais uma prova de BTT.
Espero que as cervejinhas de ontem não venham a fazer estragos de maior. Se há dias que devia sair do trabalho e ir logo para casa, ontem era um deles: o calor abrasador que se fez senitir convidou a uma cerveja com uns colegas. Depois um telefonema convidava para mais uma cerveja com o grupo residente das cervejas de sexta-feira com quem já não convivia há muito tempo. E ainda depois um outro telefonema para jantar e mais uma cerveja com os amigos de sempre. Fugi quando apareceu o moscatel.

De repente e enquanto escrevia isto, lembrei-me da malta do BTTopo . Fui ver o seu blog e fartei-me de rir. Cambada de malucos estes gajos do BTTopo


"Vou ir indo". Até segunda!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Os cavalos bravos.

Não sei como foi possível tal acontecer. Então vai para coisa de meses que ando para aqui a falar de pedalar assim, pedalar assado, pedalar cozido à portuguesa, pedalar por aí e falar da montada nem nada...

Tudo começou uns poucos anos antes quando por convite do meu irmão (a quem estou eternamente agradecido porque se não fosse esse convite não teria descoberto o gosto que tenho pelo btt ou pelo menos teria demorado mais tempo a descobri-lo) decidi experimentar regressar ao andamento do pedal.


Regressemos então ao passado:

Lembro-me perfeitamente de ser miúdo e moço e de passar os dias nas ruas do bairro onde vivia, isto quando não estava a dormir ou na escola, o que portanto ainda era muito tempo. Nessa altura (estamos a falar dos anos 80) as melhores coisas que se podiam ter na vida de rua eram:
1 bola de cautchu (ou cátchumbo)
1 bicicleta (de preferência bmx pois tinha acabado de se dar o grande "bum" destes modelos.
Quando qualquer miúdo saía para a rua não sabia ao que ia mas nunca saía de casa sem uma bola ou sem a sua bicicleta.

Mas deixando-me de saudosismos, limitar-me-ei a falar das bicicletas da minha vida.


Dos 5 aos 9 anos: A primeira surgiu logo após ter ficado grande demais para o triciclo (lembro-
me dela como me lembro da primeira rapariga a quem dei um beijo nos lábios) e morava na casa dos meus avós no Alentejo, logo era alentejana (não me lembro se a rapariga era alentejana). Já agora, foi aí que aprendi a pedalar com a ajuda do meu pai e do meu irmão e das famosas rodinhas apostas na roda traseira.




Era uma típica Órbita, modelo mais pequeno, que herdei do meu irmão depois deste ter mudado para uma de ciclismo.
Verões inteiros a pedalar para todo o lado.

Dos 10 aos 12 anos: Depois veio a moda das bmx e logo a seguir a moda da suspenção nas bmx.
Eram lindas, estas novas bicicletas mas pesavam 500 kg cada. Feito estúpido comprei uma.
Predominava o amortecedor e esponjas no quadro e no volante (e isto para quê??)

Certo dia ia eu passando junto do estádio do Vitória quando um amigo me chamou para participar numa prova de segurança rodoviária. Consistia em pedalar num circuito que imitava as ruas de uma cidade e quem respeitasse os sinais e regras de trânsito o mais rápido possível, ganhava uma bmx (!!).
Duas semanas depois fui levantar o prémio: mais do mesmo, ou seja, 500 kg de ferro (que nunca cheguei a utilizar pois era quase igual à que já tinha. O meu pai acabou por vende-la e fez muito bem!)


Não era bem isto mas quase..

Dos 13 aos 15 anos: farto de carregar peso, tive direito a nova herança. Passei a peladar na
bicicleta de ciclista do meu irmão. Era um mimo. Tinha 3 mudanças e deslizava
espectacularmente bem. Claro está, era um Órbita também.

Dos 16 aos 29 anos: um grande interregno sem direito a bicicletas (de duas rodas só uma mota
mas isso não conta)

Dos 30 aos 33 anos: iniciação ao BTT - Merida Sports 500 - uma boa bicicleta que serviu para as primeiras voltas.
Depois seguiu-se-lhe a Merida Matts Special Edition - uns furos mais acima do que a anterior porque já sentia falta de algo mais e para aproveitar o excelente preço que o meu irmão me fez (acabaram-se as heranças... mas foi um preço muito bom). A outra vendi-a e fiz alguns melhoramentos nesta. Actualmente utilizo-a para as maratonas.


Uma autêntica maratonista.

E surge a última aquisição (afinal já falei desta mas foi há já algum tempo e ainda não a tinha experimentado): GT Force 2 2008 - o canhão actual para galgar tudo e mais alguma coisa. Já a tenho há alguns meses e não páro de me surpreender com as suas capacidades. É uma All Mountain Full Suspension bastante equilibrada, esguia e segura. Sobe bem e desce melhor fazendo parecer qualquer single track esburacado numa autêntica estrada de alcatrão.
Mas o melhor elogio que lhe posso dar é dizer que parece que foi feita à minha medida!




O Fox Float R fork, air spring, 140mm travel e o Fox Float RP2 rear shock funcionam em pleno com o design agressivo do quadro, conferindo-lhe o balanço adequado para ultrapassar sem dificuldade os obstáculos que surjam repentinamente na nossa frente, quer seja um salto ou uma inclinação. Só é pena não ser ligeiramente mais leve (13,5 kg aprox) mas pelo seu preço, que já não considero nenhuma barateza, não se podia pedir mais.


Acredito que ainda hoje tenho muito para progredir e sinto que aos poucos e poucos vou conseguindo sacar sempre um pouco mais das capacidades deste "bicho" que não pára de me surpreender e de causar verdadeiros momentos electrizantes.

Sempre que me estico mais um pouco, lá está ela para me aguentar e já me safou de umas boas quedas. Espero continuar nesta plena sintonia.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

BTT tântrico

Hoje é dia de trazer mais um video, sempre da melhor colheita.
São oito (oito????) minutos de prazer sem fim naquilo a que apelidei de btt tântrico.
Peca somente pela atitude demasiado irreverente dos dois principais protagonistas que em alguns casos colocam a integridade física de outros em perigo.
Compreendo que nestes momentos é díficil abrandar (sinto o mesmo) mas há que respeitar o espaço de cada um...
Entretanto é fazer as malas para Vénosc?


terça-feira, 19 de maio de 2009

O DJ do Arrepiado ou "deixem em paz a génese"

Muitas são as Organizações de eventos de BTT que buscam pós-evento a opinião dos participantes.
Mais tarde ou mais cedo acabo por lê-las para de certa forma comparar com a minha própria opinião.

A Organização da prova do Arripiado (a última a que fui) também o fez.
A maioria das criticas foram construtivas e de forma geral o evento agradou acima da média.
No entanto, houve uma "voz" que se insurgiu contra um sr. (que foi apelidado de DJ) e contra o seu gosto musical.
Este sr. que milita na casa dos 55-60 anos, foi cedido pela Camara Municipal conjuntamente com a aparelhagem musical (pacote completo sem opção de escolha). Ora o bom do sr. optou por passar música popular portuguesa, daquela com letras castiças, picantes, ao estilo de Quim Barreiros (mas melhor) que podemos encontrar em cassetes à venda ao longo dos cafés de beira de estrada (nos postos de abastecimento das auto-estradas não garanto) do nosso Portugal.

Não pude deixar de responder....

"Bem, Julgava que já me tinha despedido mas ainda vou ter de comentar mais qualquer coisinha.
Façam a esta prova um grande favor: mantenham o DJ e a sua escolha musical.

Ó meus amigos (diria o Herman),
quando fujo da minha cidade aponto direcções a pequenas terras, povoados, aldeias e vilas. Faço-o em busca de descobrir novas paragens porque se quiser o ritmo das cidades não preciso ir a lado nenhum pois vivo numa das maiores do país. Nessas terras, povoados, aldeias e vilas que existem espalhadas pelo nosso país fora, busco as suas gentes, os seus hábitos e outras demais características que fazem delas locais pitorescos e lindos, cada um com características muito próprias e únicas. Quando me inscrevo numa prova de BTT esse é um factor ponderador senão optaria (novamente) por ficar na minha cidade ou rumar a Lisboa, Porto, etc. O que com isto pretendo dizer é que ao eliminar a essência de ser das gentes e costumes das terras perde-se o seu virtuosismo e o famoso chavão "vá para fora cá dentro" deixaria de fazer sentido.

Ó meus amigos (lá está o Herman),
e mais concretamente referindo-me ao evento em questão:
- enquanto almoçava, não só enchi a barriga de maravilhosa e saborosa comida como enchi a alma de alegria e regozijo só possivel com as músicas que aquele "DJ" passava. E mais, ao meu lado direito, esquerdo e atrás várias pessoas da localidade riam e cantavam. Toda a boa disposição desta gente contagiou-me e aos que me rodeavam e até se empolaram conversas entre meros estranhos. A isto chama-se conviver. E isto é muito salutar e agradável.

Ó meus amigos (irra),
Quando quero ouvir música que gosto basta-me ir as discotecas, bares, concertos músicais e afins. Quando fôr o final de uma prova e chegar a hora do almoço\convivio, deixem um qualquer DJ da zona dar liberdade à genese que ele representa. Deixem-no ser genuino em deterimento do gosto musical de cada um de nós, deixem-no. Deixem-no ser do Arrepiado! Viva esse DJ, viva o Arrepiado.


Por este andar qualquer dia ainda vou a uma prova na Bairrada e ao invés de me servirem o prato típico local (o famoso leitão), ainda me servem uma travessa de sardinhas assadas pescadas no mar da minha terra... e assim o mundo transformar-se-ia e ficaria todo igual e deixaria de ser interessante viajar porque todas as terras e pessoas seriam iguais.

Penso que é o tal de Ricardo o grande organizador. Pedia sinceramente Ricardo que em meu nome e em nome de pelo menos mais 15 pessoas que comigo conviveram durante aquele repasto que agradecesses ao Sr. DJ do fundo das nossas boas gargalhadas que nunca seriam possiveis ao som de qualquer rock, pop, funk, hip-hop, heavy-metal, hard-rock, groove, house, techo, electro, etc, etc. Estas estamos todos fartos de ouvir em outras milhentas ocasiões.

Ainda ouvi alguém perguntar onde se arranjava aquele CD ou cassete. Ricardo, se conseguires saber mais essa informação...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sesimbra outra vez..

Sesimbra
1, 2 e 3 de Maio\2009




Mais um fim-de-semana "grande" e mais uma saida. Desta vez bem pertinho de casa e a bicicleta vai, pois claro.
Eu e rui partimos uma vez mais.




Sexta-feira, dia 1 - Mais coelho, menos coelho, um gato!


Não aguentei muito tempo na cama. O dia chamava por mim com a força enorme como a que um iman exerce sobre o metal. Apesar de ter dormido bem e de me estar a saber bem o descanso não forcei sequer dois segundos para ficar na cama. Mal me senti a acordar, os meus olhos ficaram dispertos e o pensamento "montou" na bicicleta e foi-se.
Raspei-me porta fora com os apetrechos do costume (não levei as chicken wings nem as veggie. Não havia necessidade) ainda a mastigar uma barra energética.


Não sabia bem que direcção tomar, mas fosse para onde fosse implicava subir já que me encontrava na marginal de Sesimbra mesmo ao nivel do mar.
Resolvi rumar ao castelo. Apetecia-me fazer de novo o seu single track (meu conhecido do ano passado quando vim com o resto do bando).
Até lá foi subir e mais subir sempre pelo alcatrão. Interminável esta ladeira. Mas não deixou marcas. O single track lá estava e foi voá-lo de uma ponta à outra.

Sesimbra vista do castelo com o dia acabadinho de nsacer.






Depois tentei descobrir novos caminhos. Dar novos mundos ao mundo. Mas não colou. Acabei sempre em becos sem saída.
Daqui e dali saltavam coelhos como que por magia. Toda esta mata em torno do castelo e arredores parecia uma enorme cartola de mágico..

Mais alguns minutos a rodar de um lado para o outro, mais uns coelhos a saltar de um arbusto para o outro, dou comigo no meio de quintinhas e quintais das vizinhas. Baixar a cabeça para não levar à frente um estendal e travar a fundo para não atropelar um coel... ah, desta vez era um gato. Enfim, lá diz o povo que no tacho sabe tudo ao mesmo.



E que tal viver aqui? "Uma casa na pradaria"


Uma hora depois resolvi começar a descer. Foi sempre a abrir pelo lado de Santana até ao nivel do mar. Para finalizar e descontrair mais um pouco, resolvi visitar o farol de Sesimbra que fica num pontão mar adentro feito pelo Homem (um pontão muito concorrido por atletas de curtíssima distância e por.... muitos gatos. Já coelhos nem ve-los).



Na ponta do pontão o farol!


Regresso a casa, alongamentos e já está! Sou um homem novo.



Sábado, dia 02 de Maio

Descanso absoluto, passeio e comezana! A família roldão vem a caminho. O bully ja cá está. Mais nada a registar. Na noite anterior fomos ver a "fauna e a flora" dos bares locais e beber uma ou duas imperiais.


Domingo, dia 03 de Maio

Vamos lá a outra volta. Desta vez estava decidido a ir até ao Cabo Espichel e voltar (mais uma volta curta) e assim foi.
A conselho do rui segui por um estradão de areia que fica na ponta mais norte (acho) de Sesimbra junto ao farol. Mais uma desgraceira de subida esta.



À medida que subia ia-se revelando bem na minha frente mais uma atrocidade sobre a serra. Uma outra pedreira abandonada.


Depois, o caminho endireitou e os km seguintes foram sempre a errar no caminho (nem as indicações de um pastor me valeram) vi passar um grupo de btttistas e segui no seu pedal. Certamente que seguiam para o CE (Cabo Espichel).
Alguns km mais adiante comecei a reconhecer o caminho e depois de quase atropelar um dos bttistas que se estatelou mesmo à minha frente (sem danos fisicos nem materiais) segui sozinho.




A paisagem... sempre a paisagem...



Ao chegar ao CE uma enorme recompensa em frente dos meus olhos que me fez lembrar..
"O mar em contestação, se isto é assim no Verão o que fará no Inverno"
"Bebe-se a brisa marinha e aprecia-se a paisagem"












Depois de deixar os motards todos a beber café nas roulottes à entrada do Cabo (finalmente alguem tomou a decisão de proibir o transito no próprio CE), apanhei o alcatrão e também um inesperado vento de frente.
Ainda assim estava disposto a forçar o ritmo e apetecia-me deslizar estrada fora. Entretanto regressaram as horriveis dores no rabo que já tinha sentido no fim-de-semana anterior. Perdi mesmo o calo, está visto. Tenho mesmo que trocar de selim.

Terminei sem me esgotar, alonguei enquanto conversava com o vizinho e senti o cheiro do peixe da peixaria ali bem perto.
A tarde? praia.


Cada vez gosto mais disto.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O dia em que o Windguru quase falhou...

Setúbal

10\05\2009



...mas não falhou.

A manhã estava negra e chuviscavam goticúlas. Olhei para a serra (por enquanto da janela do meu quarto ainda consigo ver a serra e digo por enquanto porque até há 15 anos atrás em casa dos meus pais também conseguia e hoje é o que é) e via-a envolta por nuvens e nevoeiro. Na rua as árvores abanavam incessantemente.

Ainda desconfiado ou não querendo aceitar ficar em casa, fui consultar o Windguru como havia feito de véspera. A previsão era idêntica, eu é que não a tinha lido bem: forte neblusidade e vento com periodos de chuva a partir das 15 horas... Mas nada referia de chuva às 08 horas.



Substitui o BTT pelo BTB (back ti bad) depois me convencer que nada havia a fazer.

Aproveitei para actualizar o mapa de provas (mapa de Portugal onde vou assinalando as localidades por onde vou praticando BTT em provas) e para montar na mérida rígida o recém-chegado kit para o altímetro. Agora sempre que trocar de bicicleta poderei também sempre levar o altímetro.



Entretanto já há novo evento na agenda:
II Rota Pré-Histórica - Carregal Do Sal - 31 Maio 2009



Cheio de ganas para partir....



Efectivamente não chuveu mais durante a manhã

domingo, 10 de maio de 2009

Aldeias do Xisto e Arripiado - Capítulo V II RAID BTT ROTA DOS CHARCOS E AZENHAS DO RIBATEJO

Capítulo IV - A prova
II RAID BTT - ROTA DOS CHARCOS E AZENHAS DO RIBATEJO
Arripiado - Chamusca
26\04\2009


Breve história (não tão breve assim mas vale a pena): A ilha de Al Mourol foi reforçada e dotada
de uma zona de residência e de
lazeres. Uma luxuosa alcaçaba, onde Ibne Baqui dividia o seu tempo entre aventuras guerreiras e os prazeres da música e da poesia. Al Mourol era um lugar de paz e de recolhimento e uma atalaia vigilante. O poderoso muçulmano amava muito a sua mulher, a doce Fata, da tribo de Micnesa. Ambos se orgulhavam de sua filha Ari, uma jovem de rara beleza e invulgar talento. Os seus cânticos dulcificavam o coração dos guerreiros de Alá. A sua elegância e arte de bailarina eram afamados em todo Al Andaluz.
De Beja, por uma madrugada de Maio, (...) veio o irmão de Ibne Baqui pronto para negociar casamento com Ari de quem já tinha ouvido falr.

A doce Ari veio a saber pelo zum-zum das belas mulheres do Pátio das Estrelas o que estava a acontecer. Uma nuvem negra parecia-lhe pairar sobre a sua juventude. Desde menina que ela amava Mem Roderico, moçárabe influente, mensageiro da paz em muitas questões e rivalidades entre mouros e cristãos. Também ele amava perdidamente a formosa Ari. Esperavam ocasião asada para convencerem os pais de ambos a permitirem o seu casamento.Depois de um longo serão de festejos, Ari esperou que o pai e a mãe se dirigissem para os seus aposentos e pediu-lhes para a ouvirem. Confiada no amor dos seus progenitores, Ari confessou-lhes o seu romance com Mem Roderico. E, rojando-se no lajedo, jurou-lhes que não suportaria nunca casar-se com o velho tio.
Irado, Ibne Baqui mandou que metessem a filha na mais alta torre da fortaleza. E, para que não tentasse fugir, dizem as pessoas antigas, que "Piaram-a, isto é, ataram-na pelos pés como se fazia às cavalgaduras ruins de amansar. Ari peada, morria de saudade e paixão.Certo dia, por uma estreita fresta, entrou uma pomba branca que trazia presa a um laço no pé uma mensagem. Era a notícia de que o seu amado Mem Roderico tinha sido morto numa cilada pelos soldados de Ibne Baqui. Nesse mesmo instante a alma pura da infeliz Ari deixou o seu formoso corpo. Ari peada voou no corpo da pomba branca e foi poisar na campa de Roderico, lá em baixo, frente ao Tejo, no branco cemitério da povoação.Então ao longo dos tempos e na memória do povo ficou a "Aripeada", memória essa que deu nome à branca e bela povoação, que ainda hoje conhecemos como a Aldeia do Arripiado.
Por Rosalina Melro, in "Suplemento Cultural de O Mirante" de 28/5/1997

Fui ver se haviam mais Aris no Arripiado.










Organização: nenhuma associação identificada
Inscrição: 15 euros
Km anunciados: 15\50 km
Localização: Arripiado - Chamusca (176 km)


Acordei uma vez mais cheio de vontade de pedalar. Rápidamente deslocámo-nos para a zona do secretariado mesmo junto à meta no Cais dos Militares, à beira-rio situado.
Fazia-se sentir o frio dos dias anteriores mas já não era aquele das terras altas de Penela. Um céu limpo e soalheiro advinhavam uma bela manhã.

A partida atrasou 15 a 20 minutos, 0 habitual portanto, e perto das 09:20 horas lá arrancámos os cerca de 150 participantes (prova limitada a 150 mas não sei oficialmente o nº de inscritos).
O bicho corredor manteve-se fiel ao seu plano de treinos e optou por fazer os 15 km de corrida inscrevendo-se somente no almoço. Não deixou de ser curioso ver um corredor junto do BTT.

A prova em si foi muito agradável. Um tragecto muito bem escolhido com alguns (poucos) single tracks deliciosos. Recordo-me de um junto a um riacho que parecia não ter fim, e de um outro que serpenteava para um lado e para o outro para cima e para baixo num vale coberto por árvores. Simplesmente lindo.



Exemplo de algumas passagens encantadoras.
Aqui e ali surgiam passagens por dentro de água ou por cima desta por passadeiras de madeira feitas pelo Homem que causavam algum frenezim entre os menos afoitos.




Uma passadeira de madeira perto de um moinho de água. Bonito.
Ignorei o primeiro abastecimento (terá sido aos 20 km mais coisa menos coisa) por me sentir bem na altura mas não abdiquei do segundo (aos 40 km) onde retemperei forças para a fase final.
Até então tinha gerido o meu esforço e agora sentia-me pleno de forças. A única razão do meu descontentamento prendia-se com o selim. Ao que parece devo ter perdido o calo (é o que dá quando se tem outra montada com um selim de luxo).
Ainda assim, depois de uma curta pausa para "empurrar" uma banana e dois bolos com uma garrafa de água, decidi aumentar o ritmo.

Esta última parte foi reservada a rolar por um estradão com o Castelo de Almourol a ir aparecendo ao fundo. Um verdadeiro postal.



O Castelo foi aparecendo ao fundo aos poucos e poucos como que saído de um conto medieval.
Praticamente a direito, apenas com uma subida aqui e ali, aproveitei para forçar mais um pouco o andamento e gastar o resto das forças.
À chegada à meta o computador marcava 53 km.
Depois, o usual banho e almoço. Quanto ao banho foi na minha opinião o grande "senão" desta prova. Àgua fria nunca se justifica. É um aspecto a rever. Já almoço foi servido numa zona tranquila brindado por uma potente "aparelhagem" que debitava músicas portuguesas nunca antes por mim ouvidas mas que puxavam a boa-disposição e a paródia.

O menu:
- Sopa
- Porco no espeto
- Febras
- Frango assado
- Arroz e batata frita
- Salada
- Sumos, vinho tinto e imperial
Estava tudo tão saboroso que não resistimos a repetir... 2 vezes.
Ainda fomos à procura do bolo de bolacha maravilha ao café do dia anterior mas estava desesperadamente cheio e desistimos...

Conclusão final: uma prova encantadora pelo seu traçado (de resto muito bem identificado) e com alguns poucos momentos de single tracks e outros para quebrar a rotina. Foram 53 km não muito duros conforme antevia a altímetria.
O melhor: uma das provas mais bem assinaladas a que já fui. Mais nunca é demais mas haviam fitas por todo o lado e julgo que só me desorientei por uma única vez; a simpatia de toda a organização e colaboradores tanto no inicio como no meio e no fim; percurso acompanhado sempre por uma bonita paisagem.
O pior: tenho que realçar novamente os banhos frios. Por 15 euros de inscrição deveria ter opção água quente. De resto nada mais a assinalar. Parece que a classificação final também não foi publicada por um erro informático qualquer. Não é grave embora gostasse sempre de confrontar o meu computador com o da Organização mas enfim. No entanto houve participantes menos tolerantes...

Frase que a marca: "procurei, procurei (53 km) mas não vi a Ari peada"
Resta agradecer estas maravilhosas fotografias aos Amigos do Pedal que também eles marcaram presença neste evento. Os meus sinceros agradecimentos.

sábado, 9 de maio de 2009

Aldeias do Xisto e Arripiado - Capítulo IV

Capítulo IV - Alone in the (P)ark
26\04\2009


Sábado. Mais um dia e mais uma volta.
A manhã apresentava-se com um céu pintado de vários tons de cinza e o frio persistia conjuntamente com a vontade de montar na bicicleta outra vez.
O bicho corredor sentiu-se meio constipado e optou por ir correr.

Deixo aqui um pequeno video feito com o telemóvel e por isso peço desde já desculpa pela qualidade mas que ainda assim faz um pequeno relato ilustrativo da volta matinal.

"uma paisagem fabulosa que vou tentar-vos mostrar... e pronto"... não se vê nada!!

Nota: a meio da volta fiquei sem bateria no mp3. De futuro levar uma pilha de reserva.
Não obstante o silêncio musical, fui alternando entre escutar o dialogo interessante e sussurrante da copa das árvores bailantes ao sabor do vento, e dialogar com os meus pensamentos. Curiosa e saborosa forma de pedalar que limpa e alivia o consciente. E o inconsciente também.


Nota 2: O circuito nº 2 (o escolhido do dia) tem algumas sinalizações destruidas que me deixaram meio perdidos. Tem também num pequeno trilho um rego cavado mesmo no seu meio que me obrigou a carregar a bicicleta às costas por uns largos metros. Espero que não seja para ficar...

Podia ser uma imagem "wirdow" do Lost...

A cada dia que passava mais vontade sentia para ficar, para conhecer mais e melhor da região sempre pedalando. Mas hoje era dia de rumar para outras paragens. Descer até ao Arripiado (Chamusca) porque no dia seguinte havia prova.

Uma viagem que foi curta com a metereologia a melhorar. Fomos "ressacar TV" para um café da localidade onde vimos um filme qualquer de sábado à tarde "abafando" simultaneamente umas tostas, galões, chás quentes e um divinal bolo de bolacha home maid pela sra Dona do Café.

Depois foi escolher um spot (um pinhal qualquer) nos arredores da Vila para passar a noite. Uma pequena fogueira devidamente controlada, com lenha meio molhada serviu para grelhar um petisco e aquecer as pernas. O tinto soube a pouco... Por entre toda a escuridão circundante reluziam duas caras avermelhadas pelas tonalidades da fogueira. Mais só as luzes de uma casa ao fundo e um céu estrelado sem fundo. Logo aí lembrei-me da Joanita: "quero ver as estrelas". Era o sinal de que amanhã não ia chover!

Doravante céu estrelado será céu da Joana o que quererá dizer sempre céu limpo no dia seguinte. Exemplo:

-"Amanhã vai estar bom..." ao que se responderá -"É, hoje está céu da Joana".

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Aldeias do Xisto e Arripiado - Capítulo III

Capítulo III -
25\04\2009

Acordámos cedo.
O sol raiava depois de uma noite gélida, bastante gelada mesmo diga-se.
Os afazeres matinais foram despachados em três tempos (pequeno-almoço um tempo, higiene outro e vestimenta por último o que perfaz os três tempos)


Saimos e preparámos as "montadas". Afinal o sol raiante era enganador. O frio perpétuava. Não foi o suficiente para nos desmotivar.
Entretanto ia chegando mais um carro. Era o tal sr. que tinha o nº afixado na vitrine e que não me lembrava dele. Uma grande personagem este sr Abílio a quem agradeço desde já pela sua amabilidade e simpatia.
Aproveitei e esclareci junto dele o mistério das 4 portas e dos 50 cents que não deram em nada. Na realidade, o sr. Abilio tem receio de actos de vandalismo (e infelizmente com razão) sobre o novíssimo Centro e à noite quando não existe ninguém nas imediações, tranca as duas casas-de-banho e os dois chuveiros (aí estão as 4 portas).



E por 50 cents toma-se um belo banho de água quente....



Desmistificado o mistério escolhemos um dos percursos disponiveis neste Centro de Ferraria de S. João depois de consultarmos o cartaz e um folheto com toda a informaçao: a distância, a altimetria, o tempo estimado para a sua realização, etc. Optámos por nada de muito puxado para não estragar o plano de treinos do bicho corredor e para não me levar as forças para a prova de BTT a que ia daí a dois dias.


Outros Centros vão estrear brevemente o que são óptimas noticias.

Aqui mesmo ao lado do Centro fica Ferraria de S. João, uma das Aldeias do Xisto e está a ser recuperada. Já tem pequenas e lindas casinhas para alugar. São um espanto.
A volta em si é mt agradável. A zona, bem cá no alto, subindo mais ainda há medida que se pedala é maravilhosa circundando e serpenteando pela Serra da Lousã.
As vistas que se podem observar por de entre as longas copas das árvores que se bamboleiam ao vento são divinais.

Aí vai o bicho corredor na sua bicicleta desbravando caminho...



Passagem por uma aldeia completamente abandonada. Sinais da desertificação do interior.
Os percursos estão devidamente assinalados por umas pequeninas placas indicativas que podiam ser maiores e de cores mais vivas para se verem melhor.
É habitual os caminhos cruzarem-se pelo que em algumas zonas existe um autêntico festival de sinaléctica.


As placas indicam se estamos num percurso pedestre ou de BTT (o desenho de bicicleta é aqui esclarecedor), a direcção a seguir (seta amarela no centro) e o nº do percurso que estamos a efectuar (nº vermelho no canto inferior direito)

Os lenhadores da zona devastam grandes porções de terras e não estão muito preocupados com as sinaléticas pelo que dúvido que estas se mantenham por muito tempo... pelo menos em algumas zonas.


Uma das zonas em que outrora habitavam árvores e está transformada em socalcos de lascas de madeira. Nem tudo é mau porque estas zonas são reflorestadas posteriormente. Ainda assim...


O referido nas informações bateu certo com a realidade: 30 km, 1.ooo m de desnivel aproximadamente. Só a dificuldade "dificil" é relativa. Nem física e muito menos técnica (só há mesmo no fim um ou dois single traks).


Não é fácil mas dificil, dificil também não é.
No final soube muito bem o já referido banho quente e o resto do dia serviu para relaxar. N o dia seguinte haveria mais do mesmo!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Aldeias do Xisto e Arripiado - Capítulo II

Capítulo II: Fim-de-semana findam férias parto quinta-feira.
23\04\2009

Destino: Centro de BTT - Aldeias do Xisto - Peneda

Uma semana de férias nesta altura do ano, só poderia ser devidamente aproveitada com uma saída para qualquer lugar. Uma semana de férias inteiramente passada em casa seria um martírio.
Assim, na companhia do “bicho corredor” que está sempre pronto para partir, rumámos para o Centro de Portugal.

Há semanas atrás, ao ler a Bike Magazine, tomei conhecimento da inauguração de Centros de BTT no país. Logo aí decidi que tinha de lá ir.
Com as bicicletas às costas e a mochila cheia de vontade de pedalar, carregámos alguns viveres na Westfália (essa grande malha das Auto-Caravanas dos anos 80) e fizemo-nos à estrada. Ahhh como era bom sentir novamente o vento bater-me na cara, ver a paisagem a passar, sentir os olhares curiosos das pessoas das pequenas localidades que confirmavam o espírito aventura e livre (e tudo o mais que referi no capítulo I) como quem via os primeiros camones que timidamente muitos anos antes foram invadindo o país e que todos estranhávamos pelas suas figuras e formas principalmente na maneira em como vinham em carrinhas ou furgões de cores vivas e desenhos pouco nutridos de arte, simplesmente providas de uns cortinados nos vidros, uns colchões na parte de trás e muitas coisas penduradas nos espelhos retrovisores.
Já depois de ter trocado as calças por calções pus os pés descalços sobre o tablier. Não pude resistir.

Algumas horas depois, mais do que as necessárias devido a alguns imprevistos na procura do melhor caminho (o velhinho mapa foi para o lixo) chegámos ao tão almejado Centro de BTT.
Por esta altura já era noite. Subiramos muito para aqui chegar. A Westfália mantinha-se rija e firme pronta a dar-nos guarida. Que máquina!

O Centro estava iluminado, limpo e a cheirar a novo. Feito principalmente em madeira, sóbrio e prático, agradava à vista. Uma pequena placa indicava a data de inauguração. Foi há cerca de um mês, mais coisa menos coisa. Tratámos logo de explorar tudo o que tinha para oferecer:
Na parte da frente que fica virada para a estrada que nos trouxe até ele, podemos colocar a bicicleta num de dois suportes e usar a bomba de ar para regular a pressão dos pneus (e tem medidor como nas bombas de gasolina para os mais rigorosos), ou optar por lhe dar uma mangueirada. Existe ainda uma caixa de ferramentas que inclui, veja-se, as próprias ferramentas (!!) e um mapa da zona com os percursos marcados disponiveis e uma legenda para explicar as placas sinaléticas que podemos encontrar ao longo dos mesmos.
O Centro visto de frente e o pormenor dos serviços permanentes disponveis: bomba de ar, bomba de água e a caixa de ferramentas (é aquela caixinha branca por de baixo da rampa verde)

Nas traseiras, local onde aparcámos, ficavam 4 portas todas elas fechadas e dois contadores electrónicos que solicitavam uma moeda de 50 cêntimos. O meu companheiro de viagem não resistiu e resolveu experimentar. Colocou a moeda, o contador iniciou uma contagem decrescente de 5 minutos, mas nada mais aconteceu… As portas estavam trancadas e assim se mantiveram.
Sentimo-nos abarcados por alguma desilusão. Tentámos de tudo mas sem sucesso. Não havia mais nada a tentar. Depois de forçar a abertura das portas várias vezes (como se fosse isso que fosse resultar) ficámos a ver o contador a passar até se esgotar no zero. Idiotamente esperançados que então aí acontecesse alguma coisa. E aconteceu: acabou o tempo.
Vista de dia das traseiras do Centro onde ficam as quatro portas...

Numa das laterais do Centro, encontrávamos um ecoponto (boa iniciativa), um bebedouro e uma vitrina onde constavam várias informações (o habitual: locais para pernoitar, restaurantes, etc). Lá estava um nº de telemóvel de um tal Sr. que eu agora não me lembro o nome mas hei-de lembrar . Liguei mas ninguém atendeu.
À nossa volta pairava uma imensa escuridão conferida pela vegetação local que nos cercava de lés a lés deixando somente uma abertura para as 3 estradas que ali se cruzavam.
Tratámos de um repasto carinhosamente confeccionado de antemão pela minha querida mãe e um tinto bastou para nos resguardarmos do frio que aos poucos foi-se instalando ao nosso redor sem nos apercebermos. Trocámos dois dedos de conversa e dormimos.