segunda-feira, 29 de junho de 2015

O dopo-dizimo e o médiaesforço

 Ciclismo,
 sábado, 27 de Junho de 2015

  Um quarteto reunido logo pela fresquinha mas ja com algum atraso. Sem problemas pois o calor abrasador que se avizinhava estava a ser disfarçado por uma fresquinha matinal.

  Com dois terços do grupo a tratar maselas, houve um pacto de não-agressão feito logo ali à partida. Coisas de profissionais, diga-se, que se passou mais ou menos assim:
  - epah e tal ainda estou meio coise da semana passada;
  - ah eu hoje é só rólar sem stresses
  - o meu joelho também não vai bem por isso é seguir tranquilo
  - bora lá dar com forçaaaa!

  O traçado foi improvisado no momento e aberto a correcções durante o seu decurso.
  Pelo caminho as habituais conversas e momentos de silêncio.
  A toada seguia mesmo tranquila. Tudo muito suave e harmonioso como que se tratasse da etapa de consagração. Só faltava o champagne.
   Normalmente lutamos contra o vento, contra o asfalto, contra as pernas e o exercicio em si. Hoje lutava contra o sono. Talvez meio embevecido pelo ritmo de passeio e atordoado por uma noite realmente muito mal dormida, em momentos de seguir na cabeça do grupo, quase (quase) que me deixei adormecer.

  Lá para os lados do Montijo, e já bem depois de uma conversa sobre o doping (sim, sempre o doping), sobre motores nas bicicletas e outros tópicos relacionados com o Pro Tour, descobriu-se que afinal ele há pequenos segredos que fazem a diferença na hora de ser melhor:

  o dopo-dizimo: o dopo dizimo não é nada mais do que uma pequena parcela (não apurada) do vencimento mensal que alguns "Joões" aplicam em substancias de rendimento (principalmente saquetas de aspegic). Ao que foi apurado, já iniciou igualmente serviços de fornecimento em pleno mercado paralelo....

 o médiaesforço: depois de muito se debater o assunto do rendimento desportivo do ciclista e do esforço desumano para aguentar 3 semanas de Tour a fundo, tive de fazer em plena estrada um pequeno balão de ensaio.





O video comprova a teoria
  Para os que tiveram mais dificuldades em compreende-la, faço o pequeno resumo: vinhamos lentos, lentos, uma coisa por nem falar. Um gajo saca de um telemovel e põe-se a filmar e é vê-los todos direitinhos e em pose como se estivessem a martelar no pedal cheios de... dopo-dizimo.
  Conclusão? as camaras de Tv é que fazem o pelotão internacional malhar.

      Nunca 95km foram tão sem dar por eles como estes, mas custou lutar contra o sono, custou.

    

domingo, 21 de junho de 2015

Pimba pimba pimba

 Sabado, 21 de Junho
 Ciclismo

  A ideia de sair cedo, muito cedo, esbateu-se num problema técnico. Não lhe vamos chamar furo que isso pareceria coisa fraquinha e bastante normal, desprestigiando o problema técnico em si.
  Com maior ou menor rapidez, remendou-se o que havia a remendar e pelas 07:30h estava o grupo todo reunido à esquina, para pedalar os 140km ao sol.

   Cedo cedo, as conversas cerraram, o que não é habitual. Duas de uma: ou o ritmo seguia já bom desde inicio, ou estava tudo a mentalizar-se para as adversidades.

   6 ciclistas deslizavam ao sabor dos primeiros aromas da manhã cujo calor juntava mas não harmonizava aquele habitual orvalho fresquinho com o já pasto e terra secas. Tipico da epoca. A saber dos seis:
  - coxa de galinha - Astana - prémio montanha (Nibali)
  - pata low fat - RadioShak - prémio metereologia (Schleck)
  - palitos de lárenne - Sky - prémio alta tensão (Froom)
  - coxa Uberfat Gain - Skyroad - prémio promessa (Barbosa)
  - coxa express - SaxoBank - prémio rodada (Contador)
  - coxa com pêlo - BMC - prémio Calhandro (Te Jay Garderen)




  Nibali cedo revelou a sua estratégia: ganhar o prémio montanha. Cedo amealhou praticamente tudo e depois foi gerir;
  Schleck trazia em vantagem contacto directo com Anthimio de Azevedo. Tomou conta do grupo para impor o seu andamento.
  Froom costuma acordar tarde e quando vai para a frente costuma partir o grupo, mas ontem parecia distraido a contar os postes de alta "tensão".
  Barbosa, lebre da corrida, trás o musculo. Aguenta e promete que vai partir isto tudo;
  O Contador segue leve que nem uma pena. A malta vai rodando e quando chega a vez de ele pagar a rodada, passa rapido rapido.
  O Te Jay,eu próprio, a fazer um part-time nos Reboques Calhandro.


  Bela manhã de ciclismo.


 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Em altas no ciclismo

 Quem eu?
 Eu ainda ando (pedalo talvez mais apropriado) a tentar perceber como ando (pedalo talvez mais apropriado).
 Portanto ao que me refiro? Ao Giro que já lá vai, ao Criterium que já cá anda, ao Tour que aí vem!
 E se todos aguardamos com grande ansiedade pela grande prova francesa, eu cá não espero mais e vou-me já deliciando com umas galopadas pelo "Dófiné", porque mediatismos à parte, nenhuma prova se faz sem esforço e nenhuma se desenrola sem que haja mais do que um a querer vence-la, logo vai daí e já é tão bom de ver.

 No sábado passado juntou-se um grupinho jeitoso para fazer uma volta sem exageros. Foi ir ao Espichel e regressar pela serra. Pelo caminho perderam-se dois, um com pressa veio mais cedo, outro com um problema técnico.
  Fora isso toda a gente esteve bem e não houve loucuras, apesar de um ou outro bom momento mais duro. Boas sensações a manhã toda.

  Na segunda uma velha paixão por motivos de comemorações laborais. Um desafio de futebol. Tirando a torreira do Sol e as queimaduras num pé e joelho, foi bom rever a malta da redondinha que sabe jogar e matar saudades de uns pontapés. Mas os grupos musculares que não se mexiam nestas coisas faz mais de dois anos ficaram a acusar, e de que maneira.

  Terça uma hora de ginásio, quarta feriado, muitas horas de nada, quinta hoje, duas horas de ginásio. Já sinto falta de uns pesos. O malfadado tempo não tem dado para tudo.
  Vamos ver como reage o corpo no fim-de-semana pois parece que vem por aí desafio para breve.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Ainda o estoiro de Idanha

 É daqueles estoiros que nos fica cravado não tanto nas pernas, pois como alguém escreveu "a dor é momentanea, a glória é eterna", mas mais no âmago. E este âmago do qual nunca descobri bem em que parte do corpo fica localizado, nunca até hoje.





 Descobri que o meu âmago fica ou alojou-se numa zona profunda quase inalcansável do meu cérebro, bem atarrachado por entre todas as camadas, de entre todos os pensamentos, memórias, intelecto.
  O meu âmago tem-me tentado ocultar (e por isso se escondeu tão bem) o que verdadeiramente se passou comigo em Idanha. O meu âmago está lesado. E está lesado comigo. São duas lesões dificeis de se lidar. E como tem feito questão de mo fazer saber. Mas depois esconde-se à sombra do dia-a-dia, dos treinos, da fadiga, essa malfadada enganadora e terrerifica dissimuladora que não permite ver com distinção.

  Hoje estou cansado. A semana embora não puxada, puxada mas não a puxar entenda-se, culmina amanhã com mais um treino extra. E depois começa no sábado a nova semana. Mas como dizia, hoje estou cansado. Mais duas horas de cycling deixaram as minhas pernas a picar e o âmago apareceu...outra vez.
  Afinal, aquilo que já tinha quase por certeza ter sido falta de hidratação (a julgar pela quantidade de liquidos que ingeri no resto do dia pós-prova), que depois foi praticamente diluido (oh que termo bem metido aqui - chama-se a isto subtileza) na comparação dos dados velocidade média, distância percorrida, acumulado vs outra prova ou volta similar, em que a conclusão apontava para um ritmo bem mais rasgadinho em Idanha.
  Quando já tinha o âmago praticamente amestrado, hoje veio tocar o sino da fadiga. Será afinal que posso estar a acusar algum desgaste, algum cansaço? 
  Esta dúvida já cá não fazia falta nenhuma. Ou fazia?

  De que adianta afinal saber qual o factor preponderante, senão acautelar todos para o futuro, hã?    Cansado sim mas ainda com forças suficientes para dar um murro bem assente no estomago do âmago assente no meu cabeção.