sexta-feira, 15 de julho de 2016

O caso Froome - Tour 2016



COMO PELUCHES NAS MÃOS DE CRIANÇAS

Vi na altura e nem quis acreditar no que os meus olhos presenciavam. 

Todos os anos, em todas as provas mediáticas, e mais principalmente em todas as subidas mediáticas em que os ciclistas forçosamente seguem mais lento, assisto de coração nas mãos ao que é para mim um espectáculo igual ao de um suicidio.
De que falo? do mesmo que falo todos os anos: do público! Podem muitos dizer que o aglomerado de pessoas que se assomam aos ciclistas na sua passagem para além das bermas das estradas, dão colorido, dão enfase, dão entusiasmo a quem vê e a quem pedala. Podem dizer isso tudo e que mais queiram. Para mim não é assim e passo a explicar:
Parto logo do principio que na maioria das modalidades desportivas, o publico está no seu devido lugar e não tem acesso aos atletas, ou se tiver é prontamente colocado no seu lugar, que é na esquadra mais próxima. Depois disso, a presença de todo aquele maranhal de gente que vemos subidas acima,
1 - prejudica o espectador: quantas vezes em casa acabamos por apenas ver quem vem na traseira do grupo ou quem vai na frente;
2 - no seguimento do anterior, prejudica quem está a trabalhar: seja para os cameraman, seja para os comissários, seja para os carros de apoio, etc;
3 - prejudica o próprio publico: por mais que se cheguem dentro da estrada, pouco ou quase nada conseguem ver, isto senão os mais afoitos, vulgo loucos, que tomam os lugares da frente quase ao colo dos intervenientes na prova;
4 - e apesar de ser 4º deixando para último propositadamente por ser o mais importante: prejudica o ciclista que nem consegue ver o que se passa com os seus adversários e que se quiser lançar um ataque passa por onde? quantos mais casos precisarão de acontecer como o de ontem? quantos ciclistas já foram prejudicados com situações semelhantes ou outras? o incauto publico, muitas vezes em excesso de alcool (e que mais sabe.se lá..) atira-se para a frente, toca, empurra, ostenta bandeiras em frente ou ao lado dos ciclistas (muitas vezes nem è a bandeira do atleta, vá-se lá perceber o acto) sem noção que esta pode prender-se no guiador, na roda, e mandar o ciclista ao chão, correm ao lado quase tombando na estrada (e que desgraça daí poderia vir) e tudo o que demais possam imaginar.


antigamente era assim...




A coisa vai agravando ano após ano, pois decidiu-se (além das próprias pessoas que gerem a transmissão TV, outros que demais) que os "cromos" e outros parolos, passassem a ser um espectáculo a visionar dentro do espectáculo.
Ora se dás destaque a um estupido, passado um dia tens 5 estupidos a quererem o mesmo destaque, and so on, and so on.


hoje em dia é assim (veja-se onde está a berma da estrada)
















     estrada? onde?

    A coisa já vai de tal maneira que até se vêem "tiffosis" (segundo os comentadores de determinado canal TV) a largarem fumos à passagem dos atletas. Ora isso então é que deve saber mesmo bem! Vai um ciclista a subir com o Carmo e a Trindade nas mãos ofegando quase que rebenta, e uma golada bem funda de fumo era o que vinha a calhar.

      Depois vamos vendo aqui e ali, os desgraçados dos ciclistas a serem verbo de encher. Como peluches nas mãos de crianças, têm que aguentar que lhes façam tudo, acrescendo que vão em esforço intenso de cento e tal km nas pernas quando ainda têm que dar o maior impulso chegando à subida, e o desgaste já faz o raciocinio tender para o lado do nada, têm que aguentar! . Alguns (poucos a meu ver) não aguentam e têm gestos menos bonitos com o publico, o tal elemento que paga isto tudo e que depois estraga o próprio show.
E muito mais por aí poderia ser dito mas acho que já dá para se ter uma ideia.



Alguns de vós poderão agora dizer que não há solução possivel, que é mesmo assim, que é tradição. 
Lembro-me num Giro bem recente que havia tantos mais policias como outra força de ordem que na altura não consegui perceber, e barreiras sem fim, nos ultimos (longos ultimos) km de etapas de gabarito montanhoso. Foi um exemplo e foi tão bom de ver, tão limpo, tão tranquilo.
Infelizmente o próprio Giro abandonou esse conceito. Demasiada despesa? talvez, não sei.
Sei que a continuar assim, é o espectáculo quem perde, o espectador, e acima de tudo, aquele que é o artista principal de tudo: o ciclista.

Agora vêem as teorias de que a Organização deve tomar os tempos à queda ou não, que isto e aquilo... Tarde demais. Tudo isso seria evitado se nada disto se tivesse dado. E se se deu foi por culpa da Organização.
E a Froome já ninguém lhe tira mais um pouco de mal-amado pois goste-se dele ou não, ficará sempre a polémica de algo onde ele foi prejudicado.




O que aconteceu ontem, não me admira, já previa (e como eu destesto dizer "eu não disse?"), e a continuar neste ritmo vai voltar a acontecer...cada vez mais.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

O jantar está servido!

 Ora parece que ja dá para escrever qualquer coisinha.
 Ainda a braços com recuperação fisica que impediu escritas e tudo mais, mas já com força para bater umas teclas.
  Tempo nao tem faltado e vai daí até deu para ver a apresentação das equipas para o Tour 2016. Coisa bonita e tal de se ver, somente porque não dá para fazer mais nada senão estar de cu sentado e comando na mão.
    E como poderia imaginar o que estava para vir? A primeira parte da big meal, mesmo mesmo pronta a ser servida.
   Sobe ao palco a equipa da Astana: Aru e Nibali são os primeiros dos azuis-bébé todos alinhados lado a lado.
  Só o facto de os ver ombro com ombro não pude deixar de achar caricato. Depois ambos a sorrir? hmmm.
   Se a coisa só por si já estava fenomenal, um dos dois apresentadores vai numa de perguntas. E começando pelo Aru dispara:

   - então e o objectivo para o Tour é...?
   - vencer - responde o Aru (isto é somente um resumo muito curto do que realmente para aqui interessa)

   Muito bem, penso eu, e assunto arrumado, siga para a frente venha a próxima equipa. Not!!
   Não satisfeito, o jornalista destemido e armado em Teresa Guilherme, versão "picante" sem ser na area dos relacionamentos gratuitos e sexuais, vai de microfone em punho (epah, poupem-me arremessos ronaldeanos) em direcção ao Nibali, e antes que eu tivesse tempo de pensar que tipo de pergunta se poderia colocar depois ao que já fizera ao Aru, dispara:

   - então e o Nibali?? qual o objectivo para o Tour???

    Uiiiiiii, eu nem queria acreditar! ké lá isto??? pimenta na mesa da cozinha logo assim ao abrir?? um apresentador destemido e pronto para a loucura??
    Isto só podia ir dar merda. Tudo para começar ja round 1 entre dois galos na capoeira azul.

  E enquanto afio a faca e o garfo, de babete já colocado e lingua a salivar, vem de lá a resposta em inglês manhoso e escasso do vencedor do Giro:

   - ajudar o Aru

   WTF?????? O mundo acabou ou isto é para os apanhados???

   p.s. a foto abaixo não é do evento em questão mas não deixa de ser igualmente surrealista. Im lovin it e ainda não começou