quinta-feira, 13 de julho de 2023

Granfondo Portalegre

 11jun2023
 Ciclismo

  Na realidade, Médiofondo.
  Aproveitando a desistência de um atleta de equipa, fui no seu lugar, juntando-lhe um fim de semana na terrinha lá próximo.
  

   O percurso anunciava 105 km e uns "simpáticos" 1.570 m de desnivel.
   Partida na frente, rápida e fluida. Poucos instantes depois, ficava no segundo grupo que perseguia aguerridamente o grupo da frente a menos de 1 minuto.
   Foi muito bom ter esta noção de perseguição com os olhos neles e as motas a filmar e os carros e tal. Parecia um profissional à séria.
  Alguns km depois e juntavam-se estes dois grupos. O ritmo era elevado mas sentia-me perfeitamente confortável no seio do grupo.
  Mas aos poucos o figurino foi mudando. O terreno passou a ser um sobe e desce e o grupo partia-se aqui e acolá. Forcei um pouco a barra para tentar manter-me no grosso da matilha (e talvez por isso tenha pago a factura mais adiante) e com sucesso fui recolnado uma, duas, três vezes até que curva à direita para uma via secundária, uma inclinação mais severa e mais longa e.... já não fui. O ritmo na fernte era outra música para a qual eu não tinha instrumento.




   Fui gerindo naturalmente. O sobe e desce continuava e foi apenas quebrado pela subida longa e dura ao Alto de S. Mamede.
  Aos 70 e poucos km sou vitima de um feroz ataque de caimbras em ambas pernas, como nunca tivera antes na vida, que me obrigou inclusive a parar.
  Talvez do esforço anterior, de má hidratação e sobretudo alimentação? talvez. Certo é que os restantes km foram feitos apenas para poder terminar. Meti tudo o que tinha na algibeira pela goela abaixo, esperei um pouco e segui.
  Sempre que forçava o ritmo, as dores começavam a apitar.
  Foi mesmo rolar tranquilamente até ao fim a ver os outros passar.
  Pena, muita pena numa prova que estava a saber tão bem, pagando o erro principal que terá sido mais que tudo, menosprezar a dureza da região.
 

  

terça-feira, 23 de maio de 2023

Taça Oeste XCM - Torres Vedras

 21 mai 2023
 BTT


  Torres Vedras, mais propriamente Fonte Grada, recebeu esta Taça de BTT e sendo perto de casa, uma excelente oportunidade para voltar a colocar os pés na terra.
  A anunciada metereologia previa uma manhã escura e até com periodos de chuva o que não veio (felizmente) a acontecer.
  Em sua substituição, muito pó no ar principalmente logo no arranque.
  Uma vez mais muni-me da Sup 29' e aqui faço o parênteses para repetir tudo o que sobre este assunto referi aqui
  
   Lamúrias e lamentos à parte, vamos ao que interessa.
   Mas que bela prova. É a frase que melhor define os 62 km da Maratona e o respectivo acumulado de 1.200m que (quase) nem se deu por ele.
   Com efeito, só o registo de inscrição fazia antever que esta organização não deixaria nada ao acaso. E assim foi.
  Inscrições fechadas e tento as minhas sortes, e safei-me! Umas trocas de mensagens breves no Facebook e depois por e-mail e rapidamente tudo ficou resolvido. Incrivel (bem em contrário aquando de outra prova onde esbarrei num rotundo "não dá").
  No dia da prova, secretariado a bombar irrepreensivelmente, meta bem organizada por classes  (federados, maratona, meia maratona, e-bikes), parque de estacionamento, tudo a rigor e no mesmo local (lavagem de bikes, banhos e almoços também tudo ali no mesmo recinto praticamente). Fantástico.




   Os atletas da competição já levantavam poeira e tudo seguia de feição quando um primeiro trilho abrandou um pouco o andamento que se gostava. E este é o único "senão" a fazer ao todo desta prova: há que separar um pouco o trigo do joio antes de caminhos mais adversos. Mas também sei que por vezes o terreno não ajuda ou para se apanhar determinado caminho, há que fazer aquele sacrificio. Nada de grave.
  O resto da prova foi..... uma surpresa. 
  Não sendo conhecedor particularmente da geografia da região, antevia uma prova sobe e desce (os 1.200m de altimetria não revelavam subidas longas por isso seria a soma das várias partes). Acabou por nem se notar tanto assim, pois houve bastantes zonas a rolar bem e a bom ritmo, e depois aqui e acolá, algumas subidas e uma ou outra parede, que, mais uma vez fruto da 29' não foram superadas sem pé no chão :-(
  Surpreende foram os single tracks, trilhos mais arrojados e descidas mais técnicas, isto sim algo para o qual não ia a contar e arrisco, terá igualmente surpreendido muitos mais. 
  A dificuldade técnica tem estado sempre nivelada mais por baixo, pelo menos nas últimas provas a que tenho ido, e por isso também não contar com tal. Não vi como foi anunciado mas deverá ter causado dificuldades acrescidas pelo menos aos que não conheciam esta zona.
  Gostei, gostei bastante, a fazer-me recordar outros tempos e a querer tanto ter ali a Mérida 26'
   Muita gente da organização pelo caminho e a saberem o que estavam a fazer, com bandeiras a coordenar os atletas e o trânsito, com apoio nos abastecimentos (bem estruturados) e nos check points onde nem faltou aquela mão nas costas a empurrar para se retomar o andamento.
   Ainda um aspecto muito positivo com a organização a optar por placas e cal no chão a mostrar que se consegue montar um bom percurso no meio da natureza variada (mato, floresta, estradões, etc) sem recurso às poluentes fitas.
   Pessoalmente senti-me sempre "entretido" ante as paisagens, variedade do terreno, momentos adrenalisantes de algumas passagens mais ariscas e "num instante" se fez a prova.


    Banho tomado, almoço logo ali ao lado. Aqui outro senão. A organização optou por não servir almoços antes das cerimónias do pódio. Nada contra esse registo para dar atenção a quem compete mais aguerridamente, mas fez com que se acumulasse muita gente para o mesmo à mesma hora e assim complicou um pouco o serviço de quem trabalhava nesse departamento e claro, desagradou a quem estava à espera para comer, e de quem vem de longe que ainda tem que fazer uma viagem de regresso.
  O cenário negro que se formava no céu viria ainda a ser uma sobremesa pouco agradável para acompanhar o repasto.
   Este foi na quantidade certa de alimento e hidratação com uma sopinha de peixe que, tenho a certeza, nunca mais vou esquecer. Que delícia!



Classificação da prova (1 a 5)
   Organização pré-prova: 5 toda a informação foi publicada e no meu caso, posteriormente enviada por e-mail. Top.
   Secretariado: 5  Irrepreensivel a forma agil e célere desta equipa.   
  Percurso: 4 ,5 Tenho a certeza que retiraram da região, todo o potencial que esta tem para oferecer e que nos levaram às melhores passagens, às melhores paisagens e aos melhores trilhos. Só não dou nota 5 considerando que talvez tenham existido trilhos de elevada dificuldade que não sejam mais próprios aos menos habituados (e eu sei do que falo...) 
Apoio e assistência: 5 já o disse acima. Todo o staff nas passagens, pontos de abastecimento e check points e mais, experientes e cientes do que faziam com preocupação e atenção sempre centrada nos atletas. Muito bom.
  Marcações: 4,5 também já tudo falado. Com duas excepções, foi sempre bastante eficaz seguir o traçado. O track GPS disponibilizado esteve bem também nesse capitúlo.
Banhos: 4  um balneário modesto chegou para os poucos que estavam no momento (se fossem mais ia complicar) e depois ter falhado a agua quente mas que felizmente regerssou após uns minutos. Tudo ok.
Almoço: 5 só a sopa de peixe fez logo as honras de entrada. Depois a habitual grelhada mista também bem e um sumo e agua para cada atleta chega perfeitamente. Não sei se havia sobremesa (tenho ideia que sim mas por opção nem liguei) e café e estava feita a festa. A rectificar só o servir mais cedo e não deixar a malta acumular.
Dificuldade Técnica: 4,5 (anunciada ...) e só não vai 5 porque posso considerar a falta de treino e ainda de adaptação a esta roda 29
Dificuldade Física: 3,5/4(anunciada...) fica ali entre ambos. No fim até apetecia mais um pouco de km... mas no fim é sempre fácil
Preço: 4,5  O valor de 17 eur de inscrição (acrescido de 12 eur do almoço) justifica a qualidade evidenciada e quando assim é, está tudo bem.
Classificação Geral: 4,5/5 a repetir, a repetir, a repetir, sem dúvida e se tivesse mais uns km não havia mal que viesse ao mundo.

  Ainda muitas fotografias e classificações disponibilizadas rápidamente. 

  Parabéns sinceros à organização por uma prova estruturalmente bem organizada em todas as componentes e a mostrar que com um valor justo se faz algo com muita qualidade.
  

quinta-feira, 4 de maio de 2023

V Tour Gaeiras

 01 Maio 2023
 Ciclismo- prova

 Foi por "quase" acaso que tomei conhecimento desta prova e mesmo no último dia de inscrição, decidi marcar presença.
 Aproveitando um fim-de-semana maior (sem trabalho no sábado e com feriado à 2ª feira), a escapadinha até Óbidos, bem aqui perto por sinal que até dava para ir e vir no próprio dia, mas que assim teve outro gostinho juntando-se o agradável ao agradável.
 E marquei presença também neste evento porque há que dar força a estas iniciativas que com um preço justo tentam proporcionar uma prova que se lhe diga.



 Pena de facto serem poucos os participantes mas a parca divulgação e a falta do titulo "Granfondo" no nome da prova, não permitiram alcançar mais atletas certamente.
 Por outro lado, talvez até tenha sido melhor assim: para que a organização, a saber recentemente formada com novos membros, possa gradualmente crescer e melhorar a cada ano, é bom que o registo de participantes não seja excessivo para a capacidade de resposta da organização.
 E quanto a esse capítulo ficam algumas notas que carecem de melhoria: 

 - o secretariado no próprio dia revelou pouca dinâmica, e lá está, felizmente eram poucos os participantes, evitando-se assim atrasos de maior e filas intermináveis.
 - o percurso: a região é bonita e proliferam as estradas por entre os montes e serras da região. O sobe e desce permanente é uma constante e não dá para fugir. Goste-se ou não, já todos sabiam ao que iam (gráficos e tracks liberados antecipadamente). Mas algumas passagens em aldeias e povoados eram perigosas: estreitas e com ruas encruzilhadas umas nas outras, sem visibilidade (tal como as aldeias antigas), sendo que as estradas estão abertas ao trânsito, eram um potencial de acidente.
   As marcações poucas, discretas e algumas inclusivamente mal colocadas (pouco visiveis), apanharam desprevenidos alguns ciclistas garantidamente, e mesmo os que seguiam o track gps pois nem sempre é possível estar de olho no dito principalmente quando a competição vai mais aguerrida ou a velocidade é maior por via de descidas.
  Os cruzamentos com estradas primárias ou mais movimentadas estavam e bem mais guardados por elementos do staff, contudo estes revelaram alguma inexperiência sendo pouco astutos, claros e/ou expeditos nas instruções aos ciclistas e/ou ao trânsito. A hesitação pode ser uma inimiga perigosa.
 Os banhos correram de feição pois não estava muita gente.
 O almoço deixou a desejar. Tendo a organização optado por um restaurante local exclusivo em funcionamento para a prova, mas apenas um prato sem opção de escolha (e sendo comida de tacho que pode não agradar a toda a gente como por exemplo as habituais grelhadas mistas), sem sobremesa (não que ligue muito a isso mas há quem ligue), foi uma opção confortável no seu trabalho mas soube a pouco.
  Por fim, classificações, resultados e algumas fotos, foi tudo rapidamente publicado o que é sempre bom.
  Fica a faltar também uma zona de estacionamento, pois se crescerem os participantes, o caos na terra será grande.

   Em suma, prova com valor de inscrição convidativo, mas muitos aspectos a melhorar. Comparativamente entre os seus 15 eur (mais 10 eur para o almoço) e os 45 eur de um Granfondo, talvez pelo meio se ajuste tudo para que seja justo para ambas partes!


   

domingo, 11 de dezembro de 2022

10 Dezembro 2022
Ciclismo

 Tróia-Sagres 2022 - da Liberdade, da Igualdade

O dia mais festivo de mobilidade em Portugal

Não é uma prova, não é uma organização, não é um evento. É um desafio de um homem de seu nome Antonio Malvar e que um dia o quis partilhar com o mundo.
E partilhou-o porque vive num país democrático onde a Liberdade é e tem de ser escrita sempre com "L" maiúsculo.
Meu caro António, ninguém de pode impedir de seres livre de dizeres que vais pedalar de Tróia até Sagres no dia 1 ou 2 ou nos 365 dias que o ano tem, e efectivamente ires!
Vives num país que lutou e revolucionou para que tivesses esse direito e que assinala de forma tão importante essa data que tem um feriado para o efeito: 25 Abril.
Um dia pedalaste sozinho. Passados 30 anos vão mais de 5.000 mil contigo.
Aqui não há partidos políticos, clubes, descriminações. Todos iguais e inclusivos mesmo aqueles que apesar da sua mobilidade reduzida seguem em maior epopeia de esforço físico.
Meu caro António, não me espanta portanto que tenhas sido contactado pelas Autoridades para que fosses considerado o "culpado" de todo este dia e de todos os "males" que dele pudessem advir, não deixando contudo de ser curioso o facto de que nunca se falou tanto em dinamizar e incentivar o uso de transportes alternativos aos "petroliferos" como hoje em dia, e este dia que poderia ser utilizado como um exemplo, tornar-se uma "proibição"
- trotinetes e bicicletas eletricas à disposição da população;
- viaturas hibridas ou 100% eletricas;
- uso de transportes públicos;
- construção de ciclovias nas cidades;
- a alteração ao código de estrada, para incentivo ao uso da
bicicleta (já falamos mais adiante)
- outros
Curioso mesmo, não é?
.
Com efeito, as Autoridades, como a própria palavra indica, "autorizam", são autoritárias. Isso faz com que algumas vezes esqueçam a palavra Liberdade.
Mas as Autoridades, especialmente as que tutelam a Segurança Rodoviária, que é o tema que aqui está em causa, não podem esquecer algo muito importante que passou a fazer parte integrante do Código da Estrada, numa revisão recente de 2014: a Igualdade!
Com a alteração ao código, a bicicleta passou a estar equiparada aos restantes veículos a motor.
Felizmente meu caro António, fui livre de pegar na minha bicicleta e na data que me apeteceu, deslocar-me de Tróia a Sagres em bicicleta.
Fi-lo eu e mais uns mil, mais coisa menos coisa.
E ao chegar ao fim, ao pontão de Sagres, lá próximo, tirei uma fotografia de forma inocente mas coincidentemente, atrás de mim, na parede de uma instituição de solidariedade social, tinha bem escrito a palavra Igualdade.
Somos tão iguais quanto somos quando conduzimos todos no Verão, na Páscoa, no Carnaval ou em qualquer ocasião em que bloqueamos autoestradas e estradas nacionais com os nossos veículos a motor.
E tal como aí, as Autoridades, as mesmas que te contactaram, as mesmíssimas que tutelam o mesmíssimo tema, contactaram o responsável pelo turismo do Algarve que nos incentiva todos os anos para disfrutar da região, para impedir tamanho tráfego. Não sabemos...
Mas sabemos que Sagres (Vila do Bispo) é Algarve e este também é um fim de semana que se torna importante economicamente para a localidade ante tamanha procura pela oferta hoteleira e de restauração da localidade, assim como para Município de Aljezur, para a Junta De Freguesia Rogil para Freguesia de OdeceixeFreguesia de São TeotónioSantiago Do Cacém e por aí fora, incluindo a Atlantic Ferries que adaptou os seus serviços à demanda do dia, incluindo mais horários que o habitual.
.
O que sei meu caro Antonio Malvar, é que as Autoridades que estiveram no terreno, a Guarda Nacional Republicana, ao longo destes 200 km, foram extraordinários: cumprimentei-os, trocámos alguns momentos de conversa, felicitei-os pelo cumprimento do seu papel e senti que acima de tudo zelaram por cumprir a sua missão: " A Guarda tem por missão, no âmbito dos sistemas nacionais de segurança e proteção, assegurar a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos".
.
Sejamos livres, iguais, sempre! (cumprindo as Leis do Estado de Direito)
(in Facebook)




 Quanto a mim, bom fui a Sagres levar uma constipação mas parece-me que voltou comigo.
 A semana toda (e mais um pouco) constipado, nunca tive boas sensações nas aulas (não treinei "ferro") e a consultar diariamente a metereologia.
 Entretanto acompanhando igualmente a polémica do "cancelado", e a tentar perceber se muitos manteriam a intenção de ir, e muitos como eu  inclusive até com mais vontade de ir que o habitual (caso isso fosse possivel), perante as circunstâncias.
 Na véspera, Windguru, Ipma, Accuweather e sei lá que mais, cada um dava a sua previsão. 
 Estava decidido: despertador para as 05h30 e o olhar pela janela ditaria o desfecho.
 Já desisti de comprar o bilhete de barco antecipadamente (não vale a pena, pq a entrada para o barco é fila única e obrigatóriamente temos que passar na bilheteira) e os preparativos também são simples.
  Desta vez falharam as barras energéticas. Pensava que tinha mas não por isso eram 22h00 e ainda cozinhava as minhas caseirinhas.
  Embarcado pelas 07h30, a actualizar conversa com as caras conhecidas num barco quase cheio. Adivinhava-se que pela "polémica", pela metereologia, pelo futebol mundial às 15h00 da tarde, muitos faltariam.
 Cedo percebi que as forças nao estavam no seu auge e cedo abandonei os grupos que rolavam destemidos. Gerir é muito importante e vejo sempre muita sede de ir ao pote e depois estoiros, mas cada um sabe de si.
  Ainda assim, análise pós, fiz o melhor registo nos primeiros 50 km.
  Clima ameno e céu parcialmente nublado com o sol a espreitar de quando em vez.
  Cedo também apareceram as dores, repartidas entre os joelhos (mais leves), o rabo (incredulamente) e as costas (estas penosas, persistentes e injustificadas).
   Até Mil Fontes, local habitual da primeira paragem, foi um misto de sensações mas já a rezar para que não me quedasse a grandes sofrimentos.
   Alimentação tardia pelo que era impreterivel não cometer mesmo erro daí em diante, algo que viria a tornar-se falso mas por força de males maiores:
   Um acidente grave que bloqueou a estrada perto da Zambujeira e o meu apoio ficou assim retido.
   Alimentei-me de tudo o que levava no bolso ainda na ocasião (uma sandes de manteiga de amendoim numa vez e meia barrita e um gel em outra vez, e o restante de água e bebida isotónica).
   Em Aljezur não estava o apoio e fui seguindo até que quando chegou já perto de Vila do Bispo, declinei. Já não valia a pena e as dores nas costas alimentavam-me quanto bastasse.
   A constipação também não me largou com a volta toda "em sofrimento" do nariz e um pouco da garganta e sempre a ter de forçar vencer uma falta de ritmo natural que nao aparecia.
   Rolei muitas vezes sozinho, algumas em gestão, outras tentando colocar ritmo.
   Na parte final, apanhei um grupo que não larguei mais para me arrastar até Sagres, tendo ainda dado um esticão com o colega Tinoni e feito a subida a solo.

      


O que foi ao lume:
   Até Mil Fontes - 1 sandes de nutela+manteiga de amendoim, 1 barra energética caseira, 1 bidon de água, 1 bidon de isotónico Isostar
  Em Mil Fontes: uma sopa
   Após Mil Fontes: - 1 sandes de nutela+manteiga de amendoim, meia barra energética+um gel, 1 bidon de água, 1 bidon de isotónico Isostar.


   Francamente pouco.
   Duro na condição física, sem conseguir desligar a cabeça nem ter aquele sentimento de pedalada que tanto gosto e com muitas dores nas costas (inclusive na viagem de regresso).

sábado, 22 de outubro de 2022

O que se passa com as provas de BTT?

  Não é de hoje.
  Faz meses (anos) que algo não bate certo. Ou será que bate?
  De que falo? Respondo sem mais perguntas.
  Se por um lado as provas de ciclismo de estrada (Granfondo´s e outras que tais) vão proliferando de norte a sul do país, com adesão maciça dos amantes da modalidade, por outro lado as provas de BTT são cada vez menos tal como quem nelas participa.
   Provavelmente uma dezena ou mais de pontos, explicam este fenómeno. A grande questão é saber se é passageiro e se há volta a dar até aos "tempos gloriosos".

  ponto 1º
  Ciclismo está na moda, BTT já não.
  Verdade ou mentira? Há uma década atrás era notório o "tráfego" em qualquer recanto com dois palmos de terra batida e natureza circundante. Hoje são as estradas de alcatrão onde vingam as pedaladas dos amantes das duas rodas.
  Como em tudo na vida, somos de modas. Estas vêm e vão como as ondas do mar. 
  Mas há algo (ou alguém) que dita as modas. Quer seja o marketing (esse bicho papão que coloca o mundo comercial em guerra entre si) ou quer seja o mediatismo que recentemente os profissionais do ramo (Rui Costa, Nelson Oliveira, Tiago Machado, Sérgio Paulinho, entre outros) deram ao ciclismo, esta modalidade está em altas. Veja-se que até a Eurosport transmite não só as grandes voltas (e em alguns casos transmite as etapas deste o km zero), mas até as provas que nunca ninguém seguia ou sabia sequer que existiam.
 
  ponto 2º
  A tradição voltou a ser o que era.
  BTT é um irmão muito recente do ciclismo, esse sim o primogénito que quase foi rei do desporto em Portugal, não fosse o futebol.
   Com o revivalismo tanto na moda em tanta coisa, pode ter sido desenraizada mais esta "moda". Portanto muitos poderão ter ido provar a moda das bicicletas todo o terreno mas logo terão regressado ao piso mais duro.
   Ciclismo de estrada é sinónimo de tradição no país. Facto! 

   ponto 3º
  O factor Nel Monteiro
  Toda a gente o conhece e toda a gente sabe um pouco da letra da música, nem que seja só o refrão. Com efeito, a musica do Nelinho "Azar na praia" pode retratar mais um dos motivos que levou a que muitos abandonassem precocemente (ou não) o BTT.
  Azares, muitos azares, vários azares por esses trilhos fora escondem-se à espreita prontos para vitimar os mais incautos. Fim-de-semana sim, fim-de-semana sim, era ver ambulâncias a afoitarem-se por caminhos de cabras em assistência aos que caiam de maduros das suas montadas.
   E aqui convém analisar o que é a fruta madura: isto das modas não é para todos, mas tal como a mulher que vê o vestido de sonho e força caber-se nele quando o seu corpo está bem mais indicado para lá de outras finuras, assim estava a capacidade de dominar as duas rodas por muitos mal preparados para o efeito. As "barriguinhas grandes" reveladoras da baixa condição física, destreza e outras capacidades recomendadas para o BTT (e não quero com isto generalizar) potenciavam fortemente a possibilidade de terminar a manhã a tirar "fotografias" a preto e branco na unidade hospital mais próxima.
   O BTT tornou-se muito social. Grandes grupos eram sinónimo de amenas cavaqueiras, galhofa e claro, aquela cerveja fresquinha após a volta (curta ou longa que fosse). Ora grupos e conversa trazem desatenção e descontração (e ainda aquela famosa "medição" do tamanho do orgão masculino mas já lá vou), que em trilhos com socalcos, areia, pedras soltas, lama,  entre outros obstáculos eram remédio santo para ir provar o sabor da terra que passa por debaixo das rodas.
  Claro que à primeira ninguém desiste, mas mais uma ou outra vez do mesmo e o abandono é certo (às vezes apenas esperava-se um pretexto para desistir, mas também já lá vou).
 
 ponto 4º
 Falando então do medidor de orgão reprodutor masculino, vulgo "medidor de pichas". Este é dos piores aliados pois transforma qualquer ego amorfo de secretária de 2ª a 6ª feira, no melhor atleta do mundo. 
 Os melhor preparados convidavam para as suas voltas de BTT, todo e qualquer amigo, colega ou familiar, não só por desejarem partilhar aquelas belas manhãs de ar puro do campo, mas também (claro) para mostrarem com um certo vaidosismo as epopeis estoicas que ultrapassavam.
 Assim muniam os convidados dos apetrechos indicados, normalmente material já encostado na garagem e era vê-los com aquela bicicleta mais antiga, o capacete que nem cabia bem na tola, uns tenis da carreira de futsal que nunca aconteceu senão depois dos 40, e panças grandes e refonfudas de quem não pratica exercício desde os tempos em que os espermatozoides só saiam para não fazer filhos.
 E assim se rumava para a volta habitual de fim de semana. só que esta era demasiada para os recém-chegados.
E claro, havia que ir mostrar as subidas mais ingremes dando aqueles bitaites do "isto não custa nada, é só ires devagar" ou " é só esta subida e depois é sempre a direito", e por aí fora.
 Era ver então o colega de escritório ou o cunhado a vomitarem o pequeno-almoço (normalmente nada adequado) literalmente ou quase após os primeiros 10 minutos e a desvanecerem uma hora depois tal carros electricos que perdem a bateria no Canal Caveira a caminho do Algarve.
 Mas o colega de trabalho ou o cunhado só são enganados uma vez. Contarão orgulhosamente essa história na versão deles, gloriosa, para o resto da vida, mas nunca mais sentarão o traseiro no selim de BTT. 

  ponto 5º
   Organizar uma prova sai caro, principalmente se houverem poucos inscritos. Participar numa prova sai caro.
   É deslocação, dormida (se vier de véspera), alimentação, taxa de inscrição, e pouco mais. Tudo somado, já pesa na carteira, principalmente nos dias de hoje.
   Mas lá está: as provas de ciclismo estão cheias com uma milena de participantes e o custo de inscrição chega a ser 3x mais que as de BTT, e estas últimas têm dificuldades em atingir as dezenas, o que pode levar a concluir que este ponto 5º, não tenha muito fundamento.
  Financeiramente falando, no cômputo geral anual, o BTT acaba por ser dispendioso ante o desgaste permanente do material (talvez aqui o ciclismo ganhe um pouco mais, sendo que o material rende mais no tempo).
 
  ponto 6º
 Outros motivos
 A preguiça para o exercício físico! Porque lá está, sair da cama ao sábado ou domingo à mesma hora (ou mais cedo ainda) que se vai trabalhar nos dias úteis da semana, é desencorajador para qualquer sedentário, agravando o calor, o frio, a lama ou a chuva.
  Porque pedalar dói, cansa e desgasta e até chegar a uma condição em que as pernas aguentam, o rabo já assenta no selim como se de um sofá se tratasse, e os pulmões aguentam acompanhar a pedalada do pseudo-hercules do cunhado, há que sofrer e nem todos estão disponiveis para tal, para insistir e vencer essa barreira.
  
   



Com isto tudo, o que se quer são mesmo provas. Mas aqui um parênteses às organizações de eventos:
   O ciclismo tem esse cuidado (pelo menos até ao momento): de regra geral, as provas distanciam-se entre si para não haver coincidências de calendário.
   Já no BTT, só por exemplo, chego a ver 3 e 4 provas no mesmo domingo. 
   Este ponto até nem é grave. Pode haver provas no norte, sul, este e oeste em simultaneo. Mas já vi 3 na mesma região, 2 na mesma cidade, entre outros exemplos.
   Isto divide os participantes e assim ao invés de uma prova com 200 ou 300 inscritos, por exemplo, acabam ambas muito fracas (tendo em conta ainda a habitual divisão dos participantes por distâncias, meia ou maratona, ainda mais reduzido fica). 

   Quem quer assim ir pedalar 40 ou 70 km praticamente sozinho? 
   
Há que haver algum critério e com tanto fim-de-semana no calendário, é mais que certo que chega e sobra para todos.

   Agora mãos à obra, colocar o porco no espeto e siga.

domingo, 4 de setembro de 2022

XVI Maratona BTT Mombeja

 04 Setembro 2022
 XVI Maratona BTT Mombeja

   Assim no decorrer mesmo da semana, procurar uma prova, inscrever, pagar e já está! Regresso ao btt depois da "sova" de Alte em Abril e depois do estágio na Serra da Estrela (ciclismo) em Junho.
   Portanto, estou mais ou menos num registo de dois em dois meses.

   Para aproveitar a passeata e algum conforto, decidi ir de véspera e em vez do campismo disponibilizado pela organização, uma hospedaria em conta por uma noite.
    Anunciados 65 km e 800 m de altimetria, não se adivinhavam grandes dificuldades, mas isto no btt nunca se sabe porque a altimetria pode ser pouca, mas bruta (subidas raras mas com percentual de inclinação elevado, ou um sobe e desce que mesmo pouco acentuado é sempre um parte pernas).
   A dúvida continua a residir mesmo na montada. A Sup 29 continua a deixar-me muitas dúvidas. A bicicleta é extraordinária, isso não está em questão, mas a minha adaptação à roda 29 continua dificil de me confortar.
   Se por um lado é certo que não tenho pegado muito nela, por outro é notória a dificuldade nas subidas bem acentuadas onde sinto um enorme esforço, quando outrora na Mérida, subia mais "tranquilamente" quer física, quer tecnicamente.>
   A descer também sinto falta daquela agilidade da roda 26. A Mérida parecia fazer parte do meu corpo. Fazia tudo com ela, principalmente nos trilhos mais exigentes onde a destreza e manobrabilidade são colocados à prova. A Sup dá um grande conforto, inquestionável, mas não "surfa" bem quando se quer ser fast and furious.
  De facto a Sup tem essa vantagem, o conforto, e o rolar a direito. Engata-se a mudança mais alta e a roda 29 embala como que a pedir mais. Mas ainda assim faz sentir que falta aqui mais uma mudança para impor ainda mais ritmo, tal como faltará certamente uma ou duas mudanças mais leves para as subidas mais inclinadas.
  Portanto com saudades da Mérida (excepto quando o terreno fica socalcado ou empedrado), fui firmemente corajoso para me agastar nas subidas árduas, e calculista nas descidas abruptas (um pouco de ar a mais nos pneus também não deve estar a ajudar...).





  Poucos inscritos, infelizmente, e ainda menos na maratona, pelo que quando se deu a separação de percursos, a grande maioria virou para a meia-maratona e eu fiquei sozinho na grande planicie alentejana, conjuntamente com o gado, as plantações de amendoas, milho e azeitona principalmente.
  Prova feita a bom ritmo nos primeiros 30 km, sem dificuldades de maior. Muito staff pelo caminho com água e fruta (faltou algo mais para preencher o estomago. Felizmente vinha prevenido).
   A manhã fazia-se em bom clima mas aos poucos a temperatura começou a aumentar.

  Quando dei por mim, senti uma porrada nas pernas. Era o primeiro sinal que as forças não estavam firmes. Comecei a gerir um pouco mais.
   Não via vivalma mas acabei por apanhar dois atletas. Um deles avariou e parei para dar assistencia que ele estava meio desnorteado.

   Já pelos 50 e poucos km decorridos, paro para atestar o Camelbak (muito em desuso. Actualmente sou dos raros que ainda usa) e volto ao caminho impondo um pouco mais de ritmo.
   As rampas mais inclinadas ( a chegar a 18% pelo menos) estavam guardadas par ao fim e seguidas umas às outras, que obrigou a um dispêndio maior, mas sendo curtinhas, nada de muito grave.
   Cortar a meta e estava feito.

  Classificação da prova (1 a 5)
   Organização pré-prova: 4 responderam prontamente a questões via Facebook, info disponibilizada ok, apenas
                                       ficou a faltar mais detalhe com gráfico de altimetria e track GPS. Nos dias modernos, é quase imperdoável não dar aso a estas tecnologias que os atletas valorizam.

   Secretariado: 5  Poucos inscritos, foi chegar e andar. Impecável.   
  Percurso: 4  Não há grandes cumes na região pelo que subidas longas e pontos altos não se podiam exigir. Traçado bem rolante, agradável pela paisagem e bem conseguido. 
Apoio e assistência: 3,5 muitos voluntários nos cruzamentos e passagens de estrada; pontos de água idem;
                               contudo não houve (ou não vi) mas comes e bebes senão à partida e à chegada, e aí estavam bem agradáveis.
  Marcações: 4,5 As marcações foram exclusivas a setas e traços no chão a cal e umas pequenas sinaléticas. Chegaram e sobraram. Não sendo vandalizadas, quem precisa de fitas penduradas nas árvores?
Banhos: 3  O elo mais fraco desta prova. Balneário muito pequeno e a água quente acabou um segundo após colocar-me debaixo do chuveiro. Felizmente sendo poucos atletas, serviu para o efeito, mas....
Almoço: 4 uma grelhada de frangos, linguiça e entermeada, com batata de pacote, arroz, salada, um gaspacho bem alentejano, bebidas, fruta, doce e gelado, café. Esteve tudo bom.
Dificuldade Técnica: 3 (anunciada ...)
Dificuldade Física: 3,5 (anunciada...) só não é 3 talvez mesmo por culpa própria
Preço: 5  12 eur a prova (acresce mais 8 eur almoço) é mais do que adequado pelo proporcionado. Muito bom!

Classificação Geral: 4 (repetiria e poderia levar um pouco mais de km sem exagerar na altimetria e, claro, banhos quentes sff)
     




terça-feira, 26 de abril de 2022

Maratona BTT - Alte 2022

Inserida na Taça XCM e a realizar no dia da Liberdade, esta prova trazia ainda várias sub-categorias, abrangendo em larga, todo e qualquer tipo de praticante de BTT.



   



   É verdade: faz muito tempo que andava arredado deste tipo de eventos, muito em culpa por vicissitudes da Covid mas também de estar mais dedicado ao ciclismo.
   Nos últimos dois meses fui procurando uma prova para regressar. A saudade já apertava e a Superior na garagem gritava por atenção a cada vez que lá ia. 
   À medida que as semanas passavam e sem sucesso na escolha, ou porque as inscrições esgotavam, ou precisamente pelo contrário terem muito poucos registos, pela incerteza da metereologia, pelo tipo e dificuldade das provas que se perfilavam nas escolhas (poucos km e baixas altimetrias), ia aumentando cada vez mais a vontade de participar.
   Assim apareceu a Maratona de Alte num calendário favorável. Um fim-de-semana prolongado.
   Tralha para um cesto, alojamento em Almodôvar (porque em Alte e arredores estava tudo esgotado graças ao Moto GP, a um evento de caminhadas e não sei mais o quê), e vontade do saco.
   O saco esse trazia mais qualquer coisa, indesejada infelizmente, mas já lá irei.
   Os dois dias passaram depressa (assim é a vida de papo para o ar).


   Na véspera, os preparativos trazem sempre aquele gostinho especial, uma espécie de adrenalina e nervozinho miudinhos controlados.
   Verificar material e obviamente bicicleta e soa o alarme: um pneu a meio ar. Problema num pipo, solucionado com facilidade recorrendo a ferramentas do alojamento local, "bike friendly" classificado.

   Dia de prova
  Às 06h30 tocava o despertador e havia que correr para estar em Alte (a 38 km de distância) o quanto antes, para levantar o dorsal e últimos preparativos.
  Logo assim de chapa dava a entender que 06h30 fora demasiadamente optimista. Engolir um pequeno-almoço, meter a tralha toda no carro, pegar na bicicleta e.....alarme! O pneu em baixo outra vez. 
  Entre o susto, as dúvidas do que fazer e o tempo a passar no relógio, fiz-me à estrada.
  Para ajudar, um nevoeiro cerrado limitava a velocidade e enquanto o tempo passava depressa, os km passavam devagar (mais tarde em plena prova, ambos estariam em sintonia).
  Com as mãos no volante, e os olhos no cinza do nevoeiro, as dúvidas, medos, receios assolavam-me a cabeça, talvez despoletados pelo pneu vazio de ar, talvez pelo facto de duvidar das minhas capacidades para a prova (anunciados 69 km com 1.750m de acumulado em altimetria), talvez por já não participar faz muito tempo.
   Saltitava por entre como resolver o problema técnico e o problema físico e se o primeiro seria fácil (à chegada ao local, pedi ferramentas a um atleta de elite da Taça e ficou resolvido....pelo menos naquele momento, restando saber se aguentaria a prova toda), já o segundo era uma incógnita. 
   Mesmo na hora e estava alinhado com os demais para a partida. A azafama e alegria festiva da zona de partida, normal neste tipo de eventos, contrastavam com o meu sentimento de dúvida.
   Voltando ao saco e ao que nele vinha, e que no fundo trazia uma constipação totalmente indesejada.
    Meti em pensamento que se não me sentisse bem, optaria por virar para a prova dos 44km na separação de percursos.
    

   Partida dada e os primeiros 20 km voaram quase sem dar por eles. Pica inicial ou facilitismo do percurso, ou ambos? Facilitismo do percurso pareceu-me.

                                                                   O arranque optimista


   Aos 30km a separação e nem hesito em seguir tal como fiz optimisticamente aquando me inscrevi na prova.
   Pouco depois tudo em mim mudou. Se tinha dúvidas que o pneu aguentasse, agora as dúvidas eram comigo.
  Simplesmente perdi o gás. Zero. Zero bateria, zero tudo!
  O terreno era técnicamente fácil mas fisicamente exigente: um sobe e desce com subidas, umas mais curtas e bem ingremes (acima de 20%), outras ligeiramente mais longas e ligeiramente menos acentuadas mas 13 a 15% de inclinação após as outras, até pareciam fáceis.
   As dores vieram em todo o lado: pernas, gluteos, lombar e até nos dedos das mãos. A respiração, freq. cardiaca, estava sempre num registo acima do meu habitual. A constipação não estava a facilitar-me a vida.
   Estas subidas alternavam com descidas ingremes e rápidas. Rolar a direito era escaço. este sobe e desce mata-me num dia normal, quanto mais num dia destes.
  Daí em diante foi um sofrimento permanente, enorme, talvez dos mais duros que já tive, pelo menos dos mais longos. Horrendo, um autêntico calvário, filme de terror.
  Para não exagerar, posso dizer que pensava em desistir a cada dois minutos.
  Bati mesmo no fundo e também foi preciso ir mesmo ao fundo repescar todas as forças mentais para chegar ao fim.
  Em momento algum veio aquele sentimento prazeroso de pedalar pelos campos, montes e vales, as sensações boas, a adrenalina e felicidade de fazer algo que se gosta. Tudo precisamente inverso.

  Classificação da prova (1 a 5)
   Organização pré-prova: 5 Toda a info bem disponibilizada. O track naõ funcionou no meu gps mas
                                             pode ter sido azelhice minha....
   Secretariado: 4  Tudo dividido por provas mas fila nos 44km. A fila era longa, culpa sempre da maltga
                             que vem na última hora, mas as organizações também devem acautelar este facto)   
  Percurso: 3  O terreno talvez não tivesse mais que oferecer. Não sendo agradável o constante sobe e                            desce, a monotonia da paisagem, a falta de passagem em pontos de interesse, algumas
                      extensões em alcatrão. Se fosse pelo meu gosto pessoal, seria 2.
Apoio e assistência: 3 muitos voluntários nos cruzamentos e passagens de estrada; pontos de água idem;
                                    pontos de abastecimento muito pobres em alimentos sólidos; simpatia geral de
                                     todos os elementos.
  Marcações: 2,5 alternando entre o bom e o mau. Longos espaços sem marcações, a separação de
                            percursos muito mal sinalizada, inclusive junto a um ponto de abastecimento de agua
                            que servia de distração e um assistente em frente à placa a tapá-la em vez de a
                            sinalizar ou alertar os atletas. Uma ou outra viragem que por não terem a marcação a
                           giz no chão (como fizeram em outros locais), levaram a engano também. E isso não se
                           entende pois se estava bom em alguns locais, porquê tão mau em um ou outro
                           igualmente essenciais?  Podia ter tido consequências bem piores. Mau!
Banhos: 3,5  Em estilo militar, montaram uma grande tenda com chuveiros de cordel e siga. Antes isto                       que fila. Agua nao estava quente mas também não totalmente fria e não sendo inverno,
                     tolera-se.
Almoço: 2  Pouco em quantidade e variedade. Deixou a desejar.
Dificuldade Técnica: 3 (anunciada 4)
Dificuldade Física: 4,5 (anunciada 4)
Preço: 5  O Valor de 10 eur é bastante raro nos dias que correm hoje mas mostra bem que se pode
               (provavelmente com os apoios certos e sem querer ganhar o mundo) organizar uma prova
               sem cobrar ouro.

Classificação Geral: 3,5