segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Alta

 Depois de uma semana em que só tive direito a um cycling 3ª feira, estava com fome de km pelo corpo todo.
 Assim na sexta, depois de um electrocardiograma, um raio-x ao torax, um ecocardiograma e uma prova de esforço, tive direito a alta médica ouvindo:
   - "Vá passar o Natal tranquilo e faça a sua vida normal. Depois falamos".
   Nunca pensara na vida ir ao hospital munido de equipamento tal como se fosse para o ginásio, e no final até ter direito a duche... HNP: hospital new perspective!

    Assim, mini-férias? pedalar todos os dias. Auuuuuuuuuuuuu
    No sábado as contas sairam furadas: tanto montar e desmontar de avanços havia de dar tramóia. Uma hora e tal depois desisti e fui a quem entende da matéria. Em boa hora o fiz. Poupo-vos aos detalhes de que uma minimíssima (isto existe??) mola que desapareceu da coluna do espigão do guiador, foi a culpa de tudo.
    Não saí às 08:30, sai duas horas depois e em ganas fiz uma volta de estrada em bruto que me soube a pato! Aaahhh e como são lindas as praias no Inverno sem pessoas. Tanta vontade de parar e ficar.
   
    No domingo btt ca tribo. Os mesmos gaitos do costume e uma cara nova mas já muito batida nestas paragens. Boa disposição e "córtição" nos trilhos q.b. (aquilo que o estado do terreno permitiu)

    Hoje, a volta maior. A moral em alta levou-me a reeditar uma volta ambiciosa mas muito agradável. Contudo houve um pequeno factor que desta vez a levou de um sonho a um pesadelo: o vento. Não sofri tanto a caminho de Sagres. Que coisa horrenda. Para explicar melhor basta dizer que as duas últimas horas foram feitas sempre a pensar em desistir. Tive momentos que parecia ser mais empurrado para trás do que propriamente progredir.
   Curioso que no fim, com as contas feitas, descontando uma pequeníssima alteração no fim do troço, o tempo foi muito idêntico o que significa que a primeira parte até fui bem (em Canha menos 15 min do que em Agosto).
   Horrivel mesmo. Há muito que não me sentia assim.

   Resumindo:
   Sábado: meia-volta em potência 43km; 01:42h
   Domingo: btt gaitos-bravos: 40 km;
   Segunda: super volta nova reedição: 118km; 04:58h

   E se não me engano já não vejo bicicleta senão para o ano.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Rescaldo a frio

  Uma semana para esquecer.
  Depois da tirada de sábado passado, a ordem era para manter. No entanto só terça-feira houve exercício e ainda neste momento vejo-me parado contra vontade.
 
   No que respeita ao Tróia-Sagres deu-se um pouco de tudo.
   Alvorada às 04:30h da manhã, barco para Tróia às 06:15h, partida rumo a Sagres às 07:00h.
   O frio do barco e o escuro da noite proporcionaram os primeiros arrepios e incertezas. Será que calções fora demasiado arrojado? E mais uma peça de roupa para o tronco? E não ter levado luzes não terá sido má opção?
   Meia-hora depois pedalava-se a bom ritmo num pelotão aguerrido com apetite voraz por kilometros e foi num passo, ou neste caso numa pedalada, que nos pusemos no Pinheiro da Cruz.
   Rolar em pelotão tinha as suas vantagens, principalmente no que respeita a resguardo contra o vento, o famoso cone de ar, mas retirava grande parte (a maioria) do prazer da coisa. Na minha ideia, esta era uma aventura para se fazer na paz e sossego que me apetecesse, sem grandes pressas. Por esse motivo descolei do grupo, ao que me acompanharam barbosa o corredor e turtle.
 
   As dúvidas iniciais deram lugar a uma certeza: ter um impermeável era imperativo. Na eterna recta de Sto André - Sines, a chuva caia veementemente. Nada que desmoralizasse e não fosse ter ocorrido um furo nem teriamos dado por ela.

    Estrada abaixo foi-se dando um misto de sentimentos com o cérebro a saltitar entre pessimismo-optimismo, dores nas costas-prazer de pedalar, dor nas pernas-prazer de pedalar, dor em todo o lado-prazer de pedalar. Nesta alegoria toda aos variados estados de espírito, entre uma golada de hidratação e uma dentada alimentar, terei feito uma viagem no tempo e só depois de Mil Fontes parámos novamente por causa de... um furo, uma tendência que custo em abandonar.
    Por coincidência combinara-se neste local encontro com o carro de apoio precisamente às 11:00h. Mas carro de apoio nem vê-lo. Só meia-hora depois houve lugar a engolir uma "sande" enquanto remendava um pneu, e atestavamos comida e bebida nos bolsos e bidons.
 
    A quantidade de ciclistas por todo o caminho foi uma constante. Grandes "bandos", pequenos, solitários, todos seguiam a seu ritmo.
    Compreendo que viajar de automóvel naquele dia e naquela estrada não foi de certo agradável para quem se viu apanhado por este tsunami bicicleteiro.
 
    O turtle ia puxando o ritmo, ao passo que barbosa e eu "puxávamos pela corda" para que ele abrandasse.
    Neste momento tudo fluia com naturalidade. As pernas mexiam-se por si. A cabeça seguia no seu trâmite racional-irracional habitual, anestesiada pela febre da libertação hormonal de tamanha satisfação que seria chegar ao fim.
   Nisto, e em boleia de um grande grupo que apanháramos entretanto, barbosa o corredor falha uma curva e segue numa estrada só dele. Gritei, gritámos eu e turtle, gritou todo o pelotão. Mas barbosa o corredor corria já solto para outras paragens.. Deixá-lo ir quando vi no gps que o caminho unificar-se-ia mais adiante. E nunca mais o vimos.

    O melhor estava reservado para o fim. Uma subida em S. Teotónio feita em potência, outra perto de Aljezur e depois descer já para o Algarve foi algo que veio quebrar a rotina e dar um novo folego ao agora duo do pedal.
   Talvez por isso os últimos 30 km foram sempre em crescendo, apesar do ligeiro inclinar da estrada. Passar pelo carro de apoio parado na berma da estrada já com barbosa o corredor a cavalo, e não sentir vontade ou necessidade de parar, fez-me cerrar o punho direito e semi-erguer o braço em sinal de "estou com uma pedalada do camandro" e "sim, vou fazer isto até ao fim".
    Sentia-me drogado, anestesiado, potenciado acima das minhas forças e capacidades. Não compreendia de onde vinha tanta força (talvez uma coca-cola e mais uma sande meia-hora antes tenham ajudado), principalmente depois de tantas horas de viagem. Mas também não queria saber. Sentia-me bem, tão bem como poucas vezes me senti na vida.
    Já não era eu quem pedalava agora. Já não estava em mim naquele momento. Estava possuido e já nada me iria parar nem fazer abrandar.
    Rasgámos os ultimos km como nunca pensei que pudesse vir a acontecer. Nada de lingua de fora, nem de maca, nem pronto para o caixão. Estava novo. Novo!

    E quando finalmente tudo acabou senti uma alegria enorme, daquelas que não se sentem todos os dias. Para muitos um feito banal, para outros um feito infernal. Para mim terminar esta jornada era uma enorme satisfação. Foi o culminar e meter finalmente para trás das costas, todos os infortúnios dos tempos passados, quebrar o "monstro negro", tornar possivel o inimaginável.
   
     Não foram quinhentos nem mil ou dois mil. Foram só duzentos. Mas foi muito mais do que isso.Fé em Deus, Fé na vida.


    Os dados que pouco importam aqui

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

TRÓIA-SAGRES

  Numa palavra?

  

FEITO!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Deixa chover!


Eis como se faz um gps portátél para o carro de apoio e respectiva equipa:

- Arranjar um mapa velho e desactualizado (ui, ui, a equipa vai andar à nora)
- pedir auxilio a um rato, um gato e uma tesoura (a tesoura para cortar, o rato para dar um ar de tecnologia à coisa e o gato é só para disfarçar)




- um pormenor após intervenção (o rato, o gato e a tesoura estão por esta hora embrenhados de uma forma que fica à imaginação de cada um. Se houver crias os nomes poderão começar por Siser)


- um plano das "coordenadas" lol
 (coordenadas lol =coordenadas Localizadas Onde Láestaremos. Vai ser só rire).



     E pronto. That´s all folkes que é como quem diz: é tudo focas!
    


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Preparativos


  É inegável. Passo os dias a pensar no desafio que se aproxima. E as noites também.
  Nesta data a nivel físico nada mais há a fazer senão algum repouso. Mas psicologicamente a cabeça não pára.
  Quando me ponho a pensar na distância que há para percorrer dá-me um aperto no estômago e um arrepio na espinha. Tento imediatamente focar-me em outras coisas.
  Mas as preocupações são muitas:
   - a roupa;
   - a bicicleta;
   - peças de substituição;
   - a alimentação;
   - a coordenação com o carro de apoio;

   São tantas coisas. Nada pode falhar.
   A concentração é máxima. Sinto-me diferente nestes últimos dias. Ansioso, receoso, cauteloso, expectante.
    Ao mesmo tempo ganho consciência que não tenho obrigação. Quero disfrutar. E é nesse espírito que me aconchego e reconforto.
   
    É deixar o tempo passar.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Em vinha d´alhos

09\12\2012

   E pronto. Cumprido o plano traçado praticamente na integra à excepção deste fim-de-semana. O Sesimbra 80km foi adiado por más condições do piso e por isso ontem eu e o turtle fomos apanhar o comboio.
  Desta vez a vontade de urinar veio bem mais cedo mas nem me atrevi a parar. Confesso que tentei fazê-lo em andamento (??) à moda dos profissionais mas nao fui capaz. Além do mais o ritmo do pelotão seguia mais forte e isso ajudou a esquecer a bexiga. Eu e turtle, que ia matando um gajo e a ele próprio num toque casual roda-com-roda, ainda tivemos que sprintar por 3 ou 4 ocasiões para evitar perder o comboio. Não dava mesmo para distracções. Comer uma sandocha em andamento tão acelarado foi um puro acto de alargamento de traqueia para entrar comida e ar ao mesmo tempo. Loucura nada saborosa. Um nevoeiro cerrado e húmido que só levantou perto do meio-dia manteve as hostes fresquinhas.
   Tudo o resto foi puro prazer.
   
   Hoje fez-se um btt para rolar. Uma volta tranquila com alguns dos tracks para córtir e descontrair. Ainda houve lugar a uma queda mas desta vez sem ossos quebrados ou quaisquer outras maselas. Fico a aguardar as imagens que serão gentilmente fornecidas pelo próprio vitimado.

    A próxima semana vai ter somente 2 aulas de cycling para manter as pernas a mexer. Mas já tudo muito soft.
   A preparação segue... mentalmente.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

noticias do mundo infantil

E como anda o mundo do ciclismo profissional em fase do defeso? Birras de crianças.

 - Contador anda a disparar (nao fosse ele o pistolero) em várias direcções e ameaça fazer birra e não ir ao Tour se o convite não chegar atempadamente. É que a sua equipa não tem lugar garantido nesta prova do Pro Tour. Complicado para todas as partes..

   - Já na Sky, os problemas são mais de foro interno. Wiggins fez saber que a sua relação com Fromme no Tour foi tensa (nãaaaa, a sério??). E que houve granel a torto e direito.
    O que fazer quando "dois irmãos" brigam? cada um para seu quarto: Wiggins vai para o Giro e Fromme para o Tour.

  - Gilbert diz que tem fome mas que só quer carne tenrinha dos Javalis das Ardenas (a sua alcunha), porque para comer carne rija e com nervos tipo o Tour, tá quieto. O ano passado, a birra ainda lhe valeu de sobremesa ser campeão do mundo. Assim deve repetir a receita.

   - Scarponi não fez bem os trabalhos de casa ("Fiz testes com Ferrari em setembro de 2011 quando estava em fim de contrato com a Androni-Giocattoli. Pouco depois assinei pela Lampre e desde então trabalho com o Centro Mapei. Estava convencido que Ferrari não estava suspenso e agi de boa fé", assumiu Scarponi em declarações ao Comité Olímpico).  Scarponi esqueceu-se é que  Ferrari está suspenso em Itália desde 2002 e encontra-se irradiado do desporto pela Agência norte-americana Antidopagem (USADA). Resultado? foi suspenso pela Lampre.
    Vai para a cama sem jantar sequer uma sopinha.

    Ai estas crianças de hoje...

sábado, 1 de dezembro de 2012

So far so good?

  Musica ou album do Brian Adams Chicletes.

  Plano cumprido até sábado com sucesso. Ou estarei a abusar? talvez tenha que refrear a ideia de querer fazer o próximo fim-de-semana em "bruto". O mestre Bullas diz q duas semanas antes de uma prova já não se ganha nada em termos físicos. O que neste caso é mau. O turtle também diz que é melhor não abusar muito mais. E eu.... concordo com ambos!
  A volta de hoje feita a solo acabou nuns 107 km. Foi a repetição da volta Balão feita com o turtle em Agosto. Pensava eu pelas circunstâncias que teria um pior desempenho (principalmente só pelo facto de a ter feito agora a solo), mas não.
  Contudo houve muito sofrimento. As pernas só acusaram as dores da aula de cycling da noite anterior onde abusei mais do que a conta, mas não estava grave.
   Grave foi o frio. Se em Setúbal às 09:00h da manhã a coisa até nem estava muito má (pela expressão de uma mulher no café do bairro a olhar para os meus calções, talvez isto não seja bem verdade), ao meio-dia em Vendas Novas estava horrível. O vento soprava forte e o frio apertava. Em Pegões encostei para comer numa paragem de autocarro ao Sol e pus as luvas por cima das mangas do casaco e.... que diferença. Já o devia ter feito "àcoras".
    Grave foi também um problema no depósito de combustivel que até ao momento ainda não foi solucionado. Danos colaterais da medicação contra a constipação? não sei. Sei é que o estômago está comigo como o está para uma mulher grávida enjoada.
    Também grave a garganta que mantém um pico (mas não a azedo) e o nariz que pingou constantemente. Desisti de o limpar a não ser cada vez que me aproximava de algum peão.
     Normalmente sobra comida mas desta vez tive que gerir. Apesar do problema estomacal, a fome apertava e como não levei dinheiro, houve que racionar.
    Com isto tudo junto pensei 20 vezes em desistir. Parar. Mas só me vinham à cabeça os 200. Os 200 do Tong Pô (ver post anterior com o filme béra do Va Da). Isso deu-me força para continuar. Não deu força, mas continuei na mesma. Assim terá de ser se quiser sequer sonhar com uma chegada a Sagres.

    Daqui a precisamente duas semanas será por aqui: