22\02\2009
Eis uma prova que à partida se adivinhava no mínimo interessante. Conforme já referi anteriormente, tudo o que diga single track chama imediatamente pela minha maior atenção.
No entanto, tudo o que sejam provas de single tracks carecem de rigorosa preparação ou os seus praticantes correm o risco de não conseguirem espaço para rolar. As inscrições eram limitadas a 150 atletas o que era um bom sinal. Mas já lá iremos...
Breve história:
Eiras é uma freguesia portuguesa do concelho de Coimbra, com 9,02 km² de área. É uma das grandes áreas de expansão da cidade de Coimbra a norte, tendo sofrido grande crescimento urbanístico nos últimos anos.

(Altimetria não disponibilizada)
Organização: http://www.rodapedaleira.blogspot.com/
Inscrição: 7,50 euros
Km anunciados: 30 km
Localização: Eiras - Coimbra (242 km)
O plano estava bem traçado: uma vez mais, o amigo Rui conseguiu incluir no seu plano de treinos esta prova de BTT pelo que tive companhia.
Assim contámos com a preciosa generosidade e hospitalidade da sua amiga Cátia que nos disponibilizou a sua residência em Leiria para que pernoitássemos de véspera. A ela os meus sinceros agradecimentos.
Partimos de Setúbal pouco passava das 16:00 horas e ao final da tarde estávamos já comodamente instalados para um serão tranquilo em frente à TV para vêr o Barça-Espanhol (derby da cidade catalã), os minutos finais do Sporting-Benfica, e ainda o final da etapa do dia da Volta a Califórnia onde os "tubarões" do ciclismo andam a "aquecer" para a época que aí vem.
Para o jantar encomendámos 2 pizzas médias. No entanto ocorreu um erro e enviaram 2 pizzas familiares. Nem Leiria inteira conseguiria comer aquele exagero de pizzas, que ainda por cima não eram grande "espingarda".
É pizza até à morte......
No dia seguinte nasceu um enorme Sol torrado a fazer anunciar um belo dia. Arrancámos cedo para Coimbra e pouco depois já andávamos de candeias às avessas à procura da Freguesia de Eiras. Nada de grave.
A partida, anunciada para as 09:00 horas foi retardada meia-hora (ou seria a concentração que estava anunciada para as 09:00 horas?? nem um telefonema de véspera para o amigo Tiago que foi à net verificar, serviu para desfazer a dúvida).
Fica a dica: inscrições e pagamentos no próprio dia não ou então ter infra-estrutura suficiente para lidar com a situação. Mas o atraso até veio a jeito pois deu para últimar preparativos com maior tranquilidade.
Rui "multi-cores" nos últimos "mimos" à bicicleta, iluminado por uma aura radiosa.
Logo no arranque gerou-se alguma confusão: a organização resolveu dividir o andamento entre aqueles que gostam de descer a sério e com maior aptidão e os que iriam em andamento mais ligeiro e cauteloso.
A ideia era boa. Tentava-se que uns não atrapalhassem outros. No entanto não resultou pois muita gente não quis dar parte fraca e juntou-se ao grupo mais "radical". Obviamente que a organização foi alheia a tal facto.
Também deu para perceber logo aqui que não haveria cronometragem nem classificação. Embora pessoalmente prefira que existam, não é de todo importante.
De seguida veio todo o prazer do BTT. Os anunciados single tracks lá estavam em pleno. A subir ou a descer, ou a descer mais ainda ou a subir outra vez, sempre alternando sem nunca parar. Sinceramente recordo muito poucas rectas.
Foram momentos deliciosos, serpenteando por entre trilhos lindíssimos que puxavam por toda a capacidade técnica do atleta e da sua bicicleta (perdi a conta ao nº de vezes em que me arrependi de não ter levado a suspensão total), tanto a subir como a descer.
Pelo meio ainda prestei auxilio a um colega. Uma corrente partida! nada de complicado de se resolver (nota: não voltar a esquecer de levar a chave mestra do descravador). Aqui perdi o rasto ao amigo Rui.
Depois de passar alguns bttistas mais lentos rolei com intensidade disfrutando de toda a envolvência da mãe natureza na sua plenitude mais tranquila.
O percurso esteve todo ele bem sinalizado (enganei-me somente por uma única vez), exceptuando as zonas perigosas. É sempre de bom grado colocar avisos sobre passagens mais acidentadas ou descidas mais acentuadas. Ainda assim superei todas as adversidades sem quedas mas segundo me constou muitos não poderam dizer o mesmo. Houve mesmo quem necessitasse de tratamento no final e uma ambulância logo apareceu para esse efeito. Nota muito positiva.
Quando o contador marcava 24 km e já sentia as pernas a picar, começava a pensar que estava na hora de dar o máximo nos 6 km que restavam. Mas as minhas contas sairam furadas.... Descendo uma encosta acentuada, rápidamente vi-me fora do mato e 100 metros de alcatrão depois estava no ponto de partida. Ainda pensei tratar-se de mais um ponto de abastecimento (que foram em excesso na minha opinião, mas mais nunca é demais nestes casos, pois claro), já que estavam muitos bttistas parados. Estes não eram mais do que o 2º grupo, o dos menos afoitos e que ainda iam partir para a 2ª parte da prova.
Depois de algumas perguntas lá me explicaram que a prova terminava aqui mesmo, que infelizmente tiveram de eliminar alguns trilhos porque os proprietários dos terrenos onde estes se localizam não permitiram passagem (não tenho nome para lhes chamar).
Posto isto ainda pensei em arrancar novamente e fazer a 2ª parte outra vez. Mas com o grupo mais lento pela frente, tornar-se-ia complicado de rolar e desisti.
Restou-me comer uma sandes e um muffin (maravilhosos muffins e sandes e que no final das provas são sempre muito bem vindos) e seguir para os banhos que aconteciam no campo do Eirense bem no topo de uma colina da Freguesia de Eiras, com uma vista fabulosa.
Depois de limpo a quente (nota positiva também ao balneário), já cheirava a churrascada.
A ementa do dia não era vasta mas era saborosa e suficiente para uma tarde inteira de manjar não fosse o regresso a casa:
- pão
- febras grelhadas
- negrito (uma espécie de chourisso de sangue mas em forma de linguiça, simplesmente divinal)
- arroz
- salada
- sumos, imperial (maravilhosa), minis e vinho (que apareceu mais tarde)
A realçar só a fila para a paparoca, que é sempre difícil de aguentar quando a fome aperta, mas nada de grave.
Conclusão final: apesar de aqui e ali notarem-se alguns aspectos menos bem organizados, o percurso da prova, que é o mais importante, é quanto baste para encantar os amantes de single tracks. Eu fiquei encantado, maravilhado e extasiado!
O preço de inscrição é algo a manter também a mostrar que não é preciso muito para organizar uma boa prova.
o melhor: o já referido percurso devidamente mais que bem assinalado, a simpatia dos membros da Organização com presença assídua ao longo de toda a distância (em bicicleta espalhados pelo pelotão, em todas as passagens por estrada e nos pontos de abastecimento), o negrito, esse enchido de chorar por mais, a presença de uma ambulância com rápida intervenção quando foi necessária.
o pior: alguma pequena desorganização na partida e na chegada mas nada que estes "rapazes" da Roda Pedaleira não possam resolver para a próxima volta.
Frase que marca o evento: "uiiii que já fui...afinal não! uiii que agora é que é....já me safei! fffff***** que vou cair....como é que não caí"
nanex.