Aí estava a vontade de realizar mais uma prova em BTT e testar a revisão à Sup que andava com um barulho irritante faz tempo (amortecedor), e a precisar de um pneu novo na frente que desse mais estabilidade e controlo.
Inicialmente trazia marcado na agenda o regresso á prova mitica de Sto André, a Rota do Casqueiro, mas o número insignificante de participantes na maratona (muito menor ainda que na meia-maratona e todos juntos quase nao faziam sequer quorum para uma), tirou-me da ideia realizar a deslocação para lá do rio, por tão pouco. De lamentar uma prova outrora tão badalada e com tanta qualidade...
A lamentar também, mais uma vez, que após uma espreitadela no calendário, constatava na mesma data, esta maratona na Branca-Coruche. O erro de quem organiza provas persiste: nas mesmas regiões e não só, provas na mesma data quando já são tão poucos os participantes, não é bom para ninguém.
Bem mais perto e com um pouco mais de participantes, não hesitei.
Mas devia ter hesitado e devia ter até utilizado uma palavra bem parecida e bem mais adequada: devia ter evitado.
Nada contra a prova senão o facto de que ter chovido a semana que a antecede, deixou as suas marcas no terreno arenoso. Areia sim mas virada em autênticos pantanos de lama alguns deles intransponiveis a pedalar, e a poças de agua impossiveis de evitar.
A maratona dos 70 km era em regime gps, ou seja, auto-guiada. À partida não seria um problema mas um garmin pequeno como o meu, não ajudava muito e a ajudar fica este reparo à organização:
- apesar de auto-guiado, houve uma ou outra zona que estava sinalizada (e ainda bem) com um traço no chão ou uma fita (as tradicionais brancas e vermelhas), ambas sinaléticas cortando o caminho e evitando que o participante se enganasse. Uma mais-valia portanto.
Contudo em algumas zonas bem mais passiveis de dar engano, nada! Isto não é bem contar com o ovo no cú da galinha porque, obviamente se não há marcações, não há, mas se afinal até há uma ou outra, porque não nas zonas mesmo periclitantes. Deu azo a que eu e um ou outro (que eu testemunhei) tenha andado aos papeis.
- outro reparo, o balneário. Com poucos participantes, penso que a organização quis agilizar e evitar usar algo maior que estava inicialmente previsto, se não estou em erro. A substituição recaiu sobre um pequeno cubicúlo onde 3 ou 4 se apertavam para caber. E senão mais ainda acentuando que a água quente já não estava quente.
Desde o km um ou dois vá, para não parecer exagerado, que tive aquele sentimento de "isto hoje não está bem".
Partindo na frente, após um atraso na hora de uns 10 min, com os restantes 30 e poucos participantes da Maratona, cedo perdi o comboio dos duros. Cedo senti dores nas pernas.
Nada de pânicos enquanto ainda se aquecem as pernas e o corpo debaixo de uma manhã fria mas com tendência para amenizar, mas os km passavam e as dores continuavam.
Cedo fiquei sozinho e não tardou a ser apanhado pelos meia-maratonistas da luta dos lugares de topo, após as e-bikes já terem passado como se eu tivesse parado.
Na divisão de percursos ainda hesitei mas continuava a acreditar que isto ainda ia lá. Não foi!
E o que foi foi um autêntico calvário até ao final, daqueles que são os piores dias de quem anda nisto. As forças simplesmente não estavam lá.
Para agravar, as enormes poças de àgua, os lamaçais e o terreno pesado em algumas zonas, ainda obrigavam a esforço adicional, para o qual eu não tinha forças.
Enganar-me três vezes no percurso, sendo que duas delas ainda fiz boas incursões além-terra de ninguém, também não estava a ajudar.
A cabeças estava a perder a paciência e o descernimento e muito a custo e muito a consciencialização consegui manter o tino. Trocar o querer pelo ter de ser, sempre a pensar no fim, no desistir, no onde ir buscar forças para terminar. Um tormento!
Estes são os dias que ninguém quer e que quando batem à nossa porta, obrigam-nos a ir ao fundo da nossa existência buscar resiliência para terminar. Mas não é fácil, não é mesmo nada fácil. Aliás, é mesmo muito duro!
Terminando a coisa, atormentado, atordoado e resignado, fui-me a banhos, a almoço e viola no saco, ou bicicleta no carro, e siga com o rabinho entre as pernas para casa, já com mais uma chuva para apanhar pelo caminho.
Classificação da prova (1 a 5)
Organização pré-prova: 5 tudo impecável com disponibilização de toda a info via apedalar.pt e no site do Facebook, com graficos, distâncias e track e toda demais info, a tempo e horas.
Secretariado: 5 - estavam organizados, não havia grande fila.
Percurso: 3 - o que a região tinha para oferecer bem sei. Plano sem subidas ou descidas acentuadas. Mas a lama que em dias de secura é areia e nem uma nem outra são do agrado do atleta e do material. Uma ou outra tolera-se e faz parte. Aqui foi em demasia. Anunciados 70 km foram 67.
Apoio e assistência: PA´s bem fornecidos e staff muito simpático e prestável. 5 estrelas.
Marcações: 3 - a auto-guiada opção mas com lampejos de marcação, podia ter tido atenção aos pontos críticos.
Banhos: 2.5 - bem me pareceu que foi uma situação desenrascada de ultima hora. Não convenceu. Pequena e água fria.
Almoço: 4 - uma sopa de feijão deliciosa e depois uma carne assada. A carne grelhada é sempre mais agradável, mas o que havia estava bem, bebidas à vontade, fruta e sobremesa e café.
Dificuldade Técnica: 3 - sem zonas técnicas ou perigosas ou exigentes. Apenas na lama e na água havia que sacar da destreza e redobrar atenções.
Dificuldade Física: pessoalmente não sou o ideal para falar sobre este tema, dadas as minhas circunstâncias pessoais, mas pelo desenho do terreno, não me parece que provocasse os ditos grandes empenos.
Preço: 4,5 - ajustado para a oferta, muito dentro do que se espera. E ainda com direito a umas lembrancitas na algibeira.
Classificação Geral: 3,5 - os parabéns à organização que não tem culpa da chuva que se fez sentir nos dias anteriores, e notórios os esforços para apresentarem uma maratona de qualidade. E a nivel de organização correu tudo bem. Fica-me a curiosidade para, num dia bom, experimentar outra vez a ver se a lama é areia circulável.. ou não.
E afinal houve explicação para o dia mau, mas isso vem no post seguinte.