terça-feira, 18 de setembro de 2012

Corrida contra o Sol



Estado puro. Não corro contra o tempo. Não tenho conometro. Nem sequer relógio. Reparo na sombra que cresce ao meu lado e desenha os contornos do meu corpo nas sebes que ladeiam o meu caminho. Segue fiel como sempre, como nunca me há-de abandonar. A estrada inclina e tenho tempo para observar. Do lado oposto o Sol desafia-me para um duelo olhos nos olhos. Avisto-o ao longe e vejo-o esgueirar-se cobardemente no horizonte meu enquanto a noite anoitece sorrateiramente. Perde. No  meu horizonte não tem mais espaço. A serra acolhe no seu ventre o mar. Tenho pouco tempo para regressar. O tempo não parou mas eu queria que parasse sem que eu parasse, sem que a Bebel parasse. Estado puro. Corro contra o Sol. Ele ganhou.

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