segunda-feira, 15 de outubro de 2012

GP Arrábida - TTI

 14\10\2012
 Ciclismo


  TTI = time trial individual  (pensava eu)


   Já explico. Mas começando pelo principio.
   Depois da volta em grupo de sábado, a malta do btt baldou-se em barda e resolvi sair para a estrada outra vez, mas desta feita a solo.
   Confesso que estive quase para nao sair da cama e depois para nao sair de casa, com a desculpa de algum cansaço e de uma chuva anunciada para as 12h. Mas uma voz que puxa sempre mais forte e ecoa sempre mais alto fez com que caisse em mim e sai cheio de vontade.
   Para minha admiração as forças estavam retemperadas e posso mesmo afirmar que até me sentia melhor que o habitual. A bicicleta parecia pedalar por si só transportando-me  numa agradável manhã de Outono quente.
   O traçado escolhido foi o "Planando baixinho", uma rota tradicional mais para o plano.
   Com as ditas forças a quererem rebentar pelos musculos fora, fiz entoar a talega e rapidamente cheguei a Rio Frio. Tinha a convicção de nunca lá ter chegado tão depressa o que me motivou para continuar em força mas ao mesmo tempo levou-me a pensar que deveria acautelar o dispêndio de energias para não morrer no regresso.
   Fui sempre encontrando aqui e ali muita gente do pedal, tanto de btt como de estrada.
   Optei por comer em andamento para não quebrar o ritmo. Cautelas redobradas nestas manobras para o futuro, principalmente no que respeita ao embrulhar dos alimentos. Algo pratico recomenda-se vivamente.

    A seguir a Pegões rumo à Marateca, um forte vento frontal fez-se sentir. Vim a descobrir mais tarde que trazia consigo uma enorme carga de àgua que me ensopou até aos ossos.
    Por diversas ocasiões procurei o "limbo" sem nunca o ter encontrado.
    O "limbo" é para mim talvez das melhores sensações que se pode ter a pedalar. É quando a mente abandona o corpo para parte incerta mas o que deixamos de sentir é precisamente o corpo. Ou seja, deixamos a mente vaguear e sabemos que ela está precisamente nesse estado. Um Nirvana autorizado.
 
   Mas este estado não se domina. Não se entra nele por querermos, não se sai dele quando queremos. Somos completamente subjugados à sua vontade e só nos apercebemos que estamos nele quando... dele saimos! Paradoxo? sim, mas pura verdade.

    O melhor que o "limbo" tem é que o corpo descansa, pedalam-se km sem nos apercebermos das dores, do sofrimento, de nada. E a alma também, alivia-se de pensamentos, preocupações.

    Já perto de Setúbal apanhei um viajante. Um espanhol dos lados de Barcelona que partira de Sevilha para atravessar o nosso país rumo a Santiago e aos seus célebres Caminos. Distraido com a conversa, o catalão que ia arranhando um espanholês contra o meu portunhol, continuei numa toada forte e nem reparei que o homem fazia das pernas (e de um joelho dorido, segundo me contara o próprio) coração para me acompanhar. Afinal ele trazia alforges com mais 20 kilos dentro.


     A volta no garmin aqui


   Ah e no fim de contas, analisando o histórico, confirma-se que arranquei bruto. Cheguei a Rio Frio com menos 6 min que o habitual mas diluiram-se no restante troço. Talvez pela chuva ou por ter pedalado no dia anterior. Não é importante. É só mesmo uma curiosidade.

4 comentários:

  1. Olá, tudo bem? Gostei da parte do limbo... acho que também precisava de entrar num estado assim para aliviar as preocupações do dia-a-dia. Mas tinha que chegar lá a andar a pé porque em cima de uma bicicleta... era cómico demais para relaxar...
    Susana

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  2. Olá Susana. Ainda bem que gostou. Na realidade, a bicicleta e muito da maioria do desporto tem esse predicado inerente: o de "limpar" os trabalhos do dia-a-dia. Com limbo ou sem ele. Obrigado por continuar a gostar.

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  3. A vida tem curiosidades estranhas: fui à minha médica e a receita que me deu foi: tentar apagar as preocupações do dia-a-dia fazendo desporto... quando cheguei do consultório li a sua mensagem...
    Tenho a dizer: lol
    Susana

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  4. Tinha-se ficado pelo blog, sempre ficava mais barato. Vamos, ânimo e alegria!

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