segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Sagan que há em nós

 A época deste menino tem nos Mundiais o final feliz. Escreve-se uma saga(n) à moda de Hollywood que desperta em todos nós mistério, suspense, fantasia e alegria.
  Sagan só por si já é um personagem. Representa tudo o que um adulto guarda de criança em si, e quando já perdeu a criança que há em si, está sempre à espera de a ver renascer em um qualquer outro adulto e de preferência numa cerimónia solene.
  E é por isto que Sagan só por si já é uma personagem. É que mesmo que não ganhasse nada, mesmo que não ficasse nos 100 primeiros, já toda a gente espera espectáculo vindo de Sagan. Todo o mundo ciclistico fica sempre na expectativa para ver qual é a "patifaria" que vai fazer.
 Da mesma maneira quando perde, da mesma maneira quando ganha. Sagan parece que faz tudo a brincar.
  Mas de facto não brinca no que faz. Fá-lo é com uma satisfação e alegrias tão grandes que mesmo quando chega a hora da pedalada mais dura, mais dolorosa, parece que está com aquela cara de malandro de puto traquinas que vai fazer uma maldade.
  Por tudo o mais sempre disse que no dia em que o deixassem não ser um sprinter, seria dos ciclistas mais completos do Mundo. Disse-o à dois anos atrás.
  Esta temporada, Sagan foi muito mais que qualquer vencedor de uma grande Volta. Quem no seu juizo perfeito trabalha para o seu lider e ainda anda jornadas as fio atrás de uma vitória. E quem consegue faze-lo jornadas a fio perto de vencer? E quem o viu quase sozinho a temporada toda como ciclista de segundo plano ou pior, como musico de uma banda mas sem a banda a ter de tocar instrumentos sozinho?
   E ainda criticavam este miudo dos segundos lugares. Ignorantes!

  A melhor maneira de descrever Sagan, se mo perguntassem, seria que ainda a 1 km da meta, o miudo já estaria a pensar em como iria comemorar. Disto não tenho dúvidas.
  Jamais seria capaz de imaginar é que no seu inglês limitado\pedreiro, sem saber por onde ia, sem ter ensaiado como um badameco politico qualquer que mesmo em discurso lê o seu papelinho, mesmo sendo essa a sua especialidade e a sua profissão, Sagan está 5 segundos a falar da sua vitória e salta para o problema da imigração que assola a Europa. De uma forma ingénua, honesta, sincera, verdadeira, expontanea!!!
  Sagan fez de uma triste, feia, horrivel cidade (quantos milhões terá pago esta terra para receber estes Mundiais?), de uma das piores transmissões televisivas da modalidade, de um traçado aborrecido, dos americanos histéricos a gritar nas bermas da estrada a enervar tanto quanto as vuvuzelas do Mundial da bola de anos atrás, de um dia cinzento em que a chuva vinha mas não vinha, um lindo arco-iris gigante, enorme, brilhante, muito mais do que qualquer camisola que um campeão do mundo possa envergar.

   Viva Peter Sagan. Parabéns a Peter Sagan.

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