terça-feira, 25 de maio de 2010

Volto sempre às sextas-feiras pra lembrar

22\05\2010
Alentejo

Mais uma ida à terra-paixão. Volto sempre ao Alentejo e espero sempre lá voltar e quem sabe um dia não regresso.
Desta vez as bicicletas não foram convidadas. Desta vez o exercício físico voltava a ficar a cargo dos trabalhos agrícolas.
E muito houve que fazer e outro tanto fica à espera de nova oportunidade.

Manhã e tarde no campo a sentir todos os cheiros, a meter nas mãos na terra castanha e a pôr nos olhos tudo o que ela nos dá. Que boas sensações.


Não me esquecerei nunca de seguir lavrando no tractor e olhar para trás e reparar que era seguido de muito perto por uma garça. Ali vinha ela, branca e atenta bicando todo e qualquer bicharoco que saia da terra revoltada.
No final de cada fileira meia volta e volver. A garça imitava-me. Fez-me companhia toda a tarde e só não ligou a um pequeno rato que fugia desalvorado quase sendo atropelado por um dos pneus da frente.

Já a retemperar forças com uma cerveja fresca, um queijo seco e um pão alentejanos, jazia o corpo arranhado, mascarrado e cansado em frente de casa aproveitando a pouca sombra das videiras que nesta altura poucas ou quase nenhumas folhas delas ainda brotaram.
Mais adiante, um dos gatitos novos e semi-bravos (gaito-bravo??) compreendia-me plenamente e partilhava do mesmo repouso.
O sol temperava dourando aquele belo final de dia como que se de verão se tratasse.
Uma andorinha nova espalhava a sua irreverência serpenteando em várias direcções mas sempre numa circunferência próxima. Partilhava ela também comigo não o cansaço (esse partilhava-o eu com o gato) mas sim a alegria de estar ali e poder desfrutar o sabor não do queijo, do pão ou da cerveja mas sim da bênção de um dia maravilhoso, daquele momento majestoso.
Nisto não vai de modas e junta aos seus círculos voadores voos picados e rasantes sobre o pequenote e sereno felino, que rapidamente lhe lança o olhar arrebitando simultaneamente as orelhas. A andorinha piava de felicidade parecendo rir-se do que acabara de fazer. O gato abandonou a pose de perplexidade e regressou à de esfinge do deserto.

Eu? Eu estava pleno de realização e pensava na vida.
Adoro o Alentejo.

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