domingo, 10 de maio de 2009

Aldeias do Xisto e Arripiado - Capítulo V II RAID BTT ROTA DOS CHARCOS E AZENHAS DO RIBATEJO

Capítulo IV - A prova
II RAID BTT - ROTA DOS CHARCOS E AZENHAS DO RIBATEJO
Arripiado - Chamusca
26\04\2009


Breve história (não tão breve assim mas vale a pena): A ilha de Al Mourol foi reforçada e dotada
de uma zona de residência e de
lazeres. Uma luxuosa alcaçaba, onde Ibne Baqui dividia o seu tempo entre aventuras guerreiras e os prazeres da música e da poesia. Al Mourol era um lugar de paz e de recolhimento e uma atalaia vigilante. O poderoso muçulmano amava muito a sua mulher, a doce Fata, da tribo de Micnesa. Ambos se orgulhavam de sua filha Ari, uma jovem de rara beleza e invulgar talento. Os seus cânticos dulcificavam o coração dos guerreiros de Alá. A sua elegância e arte de bailarina eram afamados em todo Al Andaluz.
De Beja, por uma madrugada de Maio, (...) veio o irmão de Ibne Baqui pronto para negociar casamento com Ari de quem já tinha ouvido falr.

A doce Ari veio a saber pelo zum-zum das belas mulheres do Pátio das Estrelas o que estava a acontecer. Uma nuvem negra parecia-lhe pairar sobre a sua juventude. Desde menina que ela amava Mem Roderico, moçárabe influente, mensageiro da paz em muitas questões e rivalidades entre mouros e cristãos. Também ele amava perdidamente a formosa Ari. Esperavam ocasião asada para convencerem os pais de ambos a permitirem o seu casamento.Depois de um longo serão de festejos, Ari esperou que o pai e a mãe se dirigissem para os seus aposentos e pediu-lhes para a ouvirem. Confiada no amor dos seus progenitores, Ari confessou-lhes o seu romance com Mem Roderico. E, rojando-se no lajedo, jurou-lhes que não suportaria nunca casar-se com o velho tio.
Irado, Ibne Baqui mandou que metessem a filha na mais alta torre da fortaleza. E, para que não tentasse fugir, dizem as pessoas antigas, que "Piaram-a, isto é, ataram-na pelos pés como se fazia às cavalgaduras ruins de amansar. Ari peada, morria de saudade e paixão.Certo dia, por uma estreita fresta, entrou uma pomba branca que trazia presa a um laço no pé uma mensagem. Era a notícia de que o seu amado Mem Roderico tinha sido morto numa cilada pelos soldados de Ibne Baqui. Nesse mesmo instante a alma pura da infeliz Ari deixou o seu formoso corpo. Ari peada voou no corpo da pomba branca e foi poisar na campa de Roderico, lá em baixo, frente ao Tejo, no branco cemitério da povoação.Então ao longo dos tempos e na memória do povo ficou a "Aripeada", memória essa que deu nome à branca e bela povoação, que ainda hoje conhecemos como a Aldeia do Arripiado.
Por Rosalina Melro, in "Suplemento Cultural de O Mirante" de 28/5/1997

Fui ver se haviam mais Aris no Arripiado.










Organização: nenhuma associação identificada
Inscrição: 15 euros
Km anunciados: 15\50 km
Localização: Arripiado - Chamusca (176 km)


Acordei uma vez mais cheio de vontade de pedalar. Rápidamente deslocámo-nos para a zona do secretariado mesmo junto à meta no Cais dos Militares, à beira-rio situado.
Fazia-se sentir o frio dos dias anteriores mas já não era aquele das terras altas de Penela. Um céu limpo e soalheiro advinhavam uma bela manhã.

A partida atrasou 15 a 20 minutos, 0 habitual portanto, e perto das 09:20 horas lá arrancámos os cerca de 150 participantes (prova limitada a 150 mas não sei oficialmente o nº de inscritos).
O bicho corredor manteve-se fiel ao seu plano de treinos e optou por fazer os 15 km de corrida inscrevendo-se somente no almoço. Não deixou de ser curioso ver um corredor junto do BTT.

A prova em si foi muito agradável. Um tragecto muito bem escolhido com alguns (poucos) single tracks deliciosos. Recordo-me de um junto a um riacho que parecia não ter fim, e de um outro que serpenteava para um lado e para o outro para cima e para baixo num vale coberto por árvores. Simplesmente lindo.



Exemplo de algumas passagens encantadoras.
Aqui e ali surgiam passagens por dentro de água ou por cima desta por passadeiras de madeira feitas pelo Homem que causavam algum frenezim entre os menos afoitos.




Uma passadeira de madeira perto de um moinho de água. Bonito.
Ignorei o primeiro abastecimento (terá sido aos 20 km mais coisa menos coisa) por me sentir bem na altura mas não abdiquei do segundo (aos 40 km) onde retemperei forças para a fase final.
Até então tinha gerido o meu esforço e agora sentia-me pleno de forças. A única razão do meu descontentamento prendia-se com o selim. Ao que parece devo ter perdido o calo (é o que dá quando se tem outra montada com um selim de luxo).
Ainda assim, depois de uma curta pausa para "empurrar" uma banana e dois bolos com uma garrafa de água, decidi aumentar o ritmo.

Esta última parte foi reservada a rolar por um estradão com o Castelo de Almourol a ir aparecendo ao fundo. Um verdadeiro postal.



O Castelo foi aparecendo ao fundo aos poucos e poucos como que saído de um conto medieval.
Praticamente a direito, apenas com uma subida aqui e ali, aproveitei para forçar mais um pouco o andamento e gastar o resto das forças.
À chegada à meta o computador marcava 53 km.
Depois, o usual banho e almoço. Quanto ao banho foi na minha opinião o grande "senão" desta prova. Àgua fria nunca se justifica. É um aspecto a rever. Já almoço foi servido numa zona tranquila brindado por uma potente "aparelhagem" que debitava músicas portuguesas nunca antes por mim ouvidas mas que puxavam a boa-disposição e a paródia.

O menu:
- Sopa
- Porco no espeto
- Febras
- Frango assado
- Arroz e batata frita
- Salada
- Sumos, vinho tinto e imperial
Estava tudo tão saboroso que não resistimos a repetir... 2 vezes.
Ainda fomos à procura do bolo de bolacha maravilha ao café do dia anterior mas estava desesperadamente cheio e desistimos...

Conclusão final: uma prova encantadora pelo seu traçado (de resto muito bem identificado) e com alguns poucos momentos de single tracks e outros para quebrar a rotina. Foram 53 km não muito duros conforme antevia a altímetria.
O melhor: uma das provas mais bem assinaladas a que já fui. Mais nunca é demais mas haviam fitas por todo o lado e julgo que só me desorientei por uma única vez; a simpatia de toda a organização e colaboradores tanto no inicio como no meio e no fim; percurso acompanhado sempre por uma bonita paisagem.
O pior: tenho que realçar novamente os banhos frios. Por 15 euros de inscrição deveria ter opção água quente. De resto nada mais a assinalar. Parece que a classificação final também não foi publicada por um erro informático qualquer. Não é grave embora gostasse sempre de confrontar o meu computador com o da Organização mas enfim. No entanto houve participantes menos tolerantes...

Frase que a marca: "procurei, procurei (53 km) mas não vi a Ari peada"
Resta agradecer estas maravilhosas fotografias aos Amigos do Pedal que também eles marcaram presença neste evento. Os meus sinceros agradecimentos.

2 comentários:

  1. Boas Fotos!
    São me muito familiares...sera que foi eu que as tirei...lol pois foi! foste sacálas o blog BTTAMIGOSDOPEDAL, fizes te be, ainda bem que gostas te as publicas te no teu blog

    Cumprimentos
    BttAmingosDoPedal

    P.S - Bom relato

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  2. Ohhhh os grandes Amigos do Pedal.
    Obrigado pelo vossso comentário e claro pelas fotos. São excelentes. Temos por aí artista fotográfico.
    E até já inclui os merecidos e devidos agradecimentos no relato :-))

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