sábado, 5 de setembro de 2009

À espera...

Enquanto não chegam as fotografias das férias, e enquanto recupero de um pequeno (espero) problema de saúde, vejo-me com uma dúvida que respeita a um assunto muito actual:
A naturalização de mais um brasileiro para a Selecção Nacional de Futebol.

É um facto que não me agrada, confesso, e que já vem desde os tempos do Deco. Mas porque tem de não me agradar?
1 - Porque retira lugar a outros atletas nacionais que assim perdem a hipotese de se mostrarem.
2 - Porque desvirtua aquilo que é ser-se uma Selecção Nacional, seja desde país ou de qualquer outro.

Mas o que é isto da nacionalidade quando caminhamos cada vez mais para a unificação de estados entre si? A globalização é uma realidade cada vez mais próxima e acredito que no futuro, a identidade do ser deixará de andar de braço dado com a sua nacionalidade. Deixará de ser importante o local onde se nasce. O cidadão será cada vez mais do mundo e não de um país.
Nesse sentido, e face ao panorama mundial actual onde já tantas federações chamaram a si jogadores estrangeiros, continuará a fazer sentido a existência de Selecções Nacionais? Sim faz porque está em causa muito dinheiro (e não só). O que não faz sentido é continuar a utilizar essa designação. Portanto algo como "Clubes Nacionais" seria mais apropriado (assim o disse um jornalista do jornal Record). O grave disto é que virá a acontecer o mesmo que já ocorre nos diversos campeonatos de cada país: clubes sem um único jogador do território, e compras e vendas sem fim (nacionalizações à pressão, neste caso). Aí deixarão mesmo de fazer sentido todas as competições entre selecções com as mais financeiramente capazes a tomar conta do panorama geral da competição.
A não ser que todas as nações tomem medidas idênticas no que respeita à nacionalização de um estrangeiro, como por exemplo:
- só poderá ser nacionalizado o estrangeiro que habite há 10 ou mais anos em território nacional, que seja casado à 15 anos desses 10 com uma nativa local, que depois vote sempre no partido que estiver no governo quando esta regra fôr implantada, que só use lâmpadas ecologicas e recicle todos os seus despojos, e que não coce os tomates e escarre para o chão, mas que em contra partida coma caracóis, amendoins e beba muitas minis da marca que apoia (claro está) a Selecção!

Parece um pouco surreal eu sei. Pronto, poderá coçar os tomates.

Ganhar a todo o custo? Para mim não, mas infelizmente eu não mando nada.

E porque não consigo mentalizar-me e aceitar estas nacionalizações? afinal o Pepe até parece mesmo natural da Guarda, e o Deco de Faro e o Liedson da Arrentela... E o Nelson Évora até podia de ser mesmo de Évora e o Obikwelu não é mesmo nazareno de cara chapada?
Afinal há tantas naturalizações... são já milhares os cidadãos oriundos de diversas partes do mundo que tomaram a nacionalidade portuguesa como sua e adotaram este país para viver trabalhando e pagando impostos como todos os demais. E como português deveria sentir orgulho de alguém de outro país qualquer querer ter esta nacionalidade.
E porque motivo alguém quereria ter a nacionalidade portuguesa? tirando meia-dúzia de ilustres (e não me refiro aos que se limitam a dar pontapés na bola) já parámos para pensar o que pensa (redondância prepositada) o Mundo acerca de nós portugueses? perguntemos aos espanhoís, aos franceses, aos ingleses, aos angolanos, aos moçambicanos, aos brasileiros...
Quem quererá ter a nacionalidade de um país de bárbaros que se está marimbando para o próprio país, que é porco e sujo, que é corrupto, que é desorganizado, que é malabarista sempre cheio de esquemas para enganar o estado e o fisco, que é um animal selvagem na condução rodoviária, etc, etc (nunca mais saía daqui).
Decerto que só mesmo por beneficios fiscais e socias.
É certo que há paises bem piores no Mundo para viver, mas com tantos outros bem melhores só mesmo sendo maluco ou sem outra hipotese...
Atenção: este meu país é dos melhores do Universo e quem sabe até da Europa - lugares magnânimos; gastronomia fabulosa; clima ameno são apenas alguns dos adjectivos em sua defesa - os seus cidadãos é que o estragam cada vez mais.

E nisto em que fico? Se tanto sofri pelo Francis, se tanto sofri e sofro pelo Nélson, o que fazer agora pela Selecção Lusobrasileira? Não me consigo decidir e só falta uma hora para começar o jogo. Provavelmente torcerei pela "Selecção Nacional" mas sem aquele sofrimento que é típico de quando se ama, que é típico de paixão!
Mas o futebol sem paixão não tem o mesmo sabor...

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